"Hoje, quem quer entrar no porto, e há muitos camiões a entrar no porto, estão a trabalhar com normalidade", disse à agência Lusa a responsável da Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL).
Em causa está uma paralisação de operadores rodoviários no porto de Leixões, que durará até ao final da semana, após não terem chegado a acordo com a administração portuária e restantes agentes do setor quanto a preços e compensações financeiras devido aos tempos de espera no porto.
Na sexta-feira, fonte oficial da APDL tinha adiantado à Lusa que os tempos de espera "estão a aproximar-se paulatinamente dos normais", estando em causa a implementação de um novo sistema operativo de terminais Navis4, que, segundo a APDL, é "o mais utilizado em todo o mundo" e "prevê um aumento da eficiência que vai acontecer em breve".
Segundo Cláudia Soutinho, vogal da administração que lidera a APDL após da saída de Nuno Araújo da presidência (aguarda-se a nomeação de um novo presidente), "as empresas que querem trabalhar, e há muitas, estão a entrar e a sair do porto sem problema nenhum".
A administradora da APDL recordou que o porto de Leixões não está obrigado a "tempos nenhuns" no que diz respeito à permanência dos camiões nas suas instalações para cargas e descargas, pelo que "compensações não fazem o mais pequeno sentido".
De acordo com Cláudia Soutinho, "os transportadores têm um problema grave, estrutural, que tem a ver com os preços que praticam e com a concorrência entre eles, porque eles não se conseguem organizar".
Mencionando questões como os tacógrafos digitais, os aumentos dos preços dos combustíveis e também as "muito pequenas" janelas temporais dos parques de depósito dos contentores, a responsável referiu que os camiões têm de ir "duas vezes" ao local ou ficam no porto durante "muitas horas".
"Mas isso não é um problema do porto, é um problema de todos os 'stakeholders' [agentes] que andam à volta do porto, e que de facto são os clientes dos transportadores, que eles contratam para trabalhar", explicou.
Assim, Cláudia Soutinho defendeu que o aumento dos preços dos transportadores "tem mesmo que acontecer", pois "trabalham com preços francamente abaixo, por exemplo, de Lisboa".
Em causa estão os "agentes de navegação e dos transitários, que é quem contrata os transportadores para virem ao porto buscar a mercadoria".
A administradora referiu ainda que há "picos de intensidade diários" em Leixões, especialmente do final da manhã até às 16:00, estando a administração portuária a ponderar "janelas em que só possam entrar 'x' camiões e em que tenha de haver planeamento para eles virem nessa hora, de acordo com uma inscrição prévia".
"Temos tentado, a todo o custo, achatar essa curva desse momento de grande afluência, mas mais uma vez isso não é um problema do porto de Leixões, é um problema da hora a que eles decidem vir", explicou.
Leia Também: Camionistas sem acordo com a APDL param operações no porto de Leixões