Negócio com Cofina? Media Capital "atenta" mas "nada existe de relevante"

A Media Capital, liderada por Mário Ferreira, informou hoje que está "atenta e disponível para analisar oportunidades de negócio", mas quanto à aquisição da Cofina ou de ativos do grupo de Paulo Fernandes "nada existe de relevante".

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Lusa
03/03/2023 13:21 ‧ 03/03/2023 por Lusa

Economia

Media Capital

 

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) determinou hoje a suspensão das ações da Cofina e da Media Capital, "aguardando informação relevante ao mercado", depois da notícia avançada pelo Observador na quinta-feira de que a Media Capital está interessada em avançar com uma fusão com a Cofina e que está em conversações exploratórias.

A Media Capital, instada pela órgão supervisor a prestar esclarecimentos sobre a existência de negociações, esclareceu que "como sucederá com as demais empresas do setor dos media, a GMC [Grupo Media Capital] está atenta e disponível para analisar oportunidades de negócio que possam surgir".

Em particular, "quanto à aquisição da Cofina SGPS ou de ativos ou de negócios desta sociedade, nada existe de relevante para além do referido" no parágrafo anterior, prossegue a dona da TVI.

A Media Capital "tem pleno conhecimento dos deveres que sobre si impendem em matéria de divulgação de informação privilegiada", por isso, "como resulta do aludido" anteriormente, "não existe nesta matéria nenhuma informação privilegiada de que devesse ter sido dado conhecimento ao mercado ou cuja divulgação tenha sido objeto de diferimento nos termos legalmente consentidos", remata o grupo liderado por Mário Ferreira.

Entretanto, a Cofina já tinha prestado os seus esclarecimentos, depois do pedido da CMVM "no seguimento de notícia publicada ontem, dia 02 de março, às 22:34, pelo jornal Observador com o título 'Media Capital, dona da TVI, em negociações para comprar Cofina, que detém Correio da Manhã'.

A dona do Correio da Manhã e liderada por Paulo Fernandes "vem esclarecer que, pela sua natureza de sociedade gestora de participações sociais, avalia em permanência todas as oportunidades de negócio que possam valorizar os seus ativos, numa perspetiva de compra ou de venda".

O grupo "esclarece que foram realizadas abordagens preliminares por diversos assessores externos, com vista a encetar possíveis negociações, que estão a ser objeto de análise pela sociedade, sem que haja, na presente data, qualquer decisão ou conversações, entre a Cofina e, nomeadamente, a Media Capital ou os seus acionistas, relacionadas com a matéria da referida notícia".

A notícia de compra ou de combinação de negócios entre as duas empresas acontece em véspera de se cumprir três anos do anúncio da desistência da Cofina em comprar a TVI após falhar a operação de aumento de capital (11 de março de 2020), o que ditou um destino diferente para a Media Capital, com Mário Ferreira a tornar-se acionista de referência.

Mário Ferreira e Paulo Fernandes são 'velhos conhecidos', já que o dono do Correio da Manhã desafiou o empresário e líder da Douro Azul a entrar na corrida da compra da Media Capital.

Em declarações à Lusa, em 11 de março de 2020, quando a Cofina suspendeu a compra da dona da TVI, Mário Ferreira recordou que tinha sido "convidado pelo engenheiro Paulo Fernandes para participar no aumento do capital com vista à aquisição da Media Capital" e que tinha ficado "surpreendido pelo cancelamento desse aumento".

Na altura, o agora presidente do Conselho de Administração da Media Capital manifestou a sua "grande surpresa" pela decisão da Cofina.

"Da minha parte cumpri com aquilo a que me comprometi, subscrevi todo o montante do capital que me pediram e me facultaram para subscrever. De facto, foi para mim uma grande surpresa", afirmou Mário Ferreira em declarações à agência Lusa, há quase três anos.

Nesta operação, o dono da Douro Azul passou a deter uma participação de mais de 2% na Cofina.

Entretanto, dois meses depois, em 14 de maio de 2020, Mário Ferreira entrava na estrutura acionista da Media Capital através da Pluris Investments, com 30,22%, prometendo trazer novo 'fôlego' à dona da TVI.

Na altura, em entrevista à Lusa, disse que iria manter os 2,5% que detinha na Cofina.

"Tenho que a manter porque estou a perder muito dinheiro, umas centenas de milhares de euros. No dia em que puder recuperar o dinheiro que lá tenho investido 'ao par' [equivalente], se isso for possível, já ficava satisfeito. Obviamente que não teria comprado se não tivesse sido desafiado para aquele negócio e pouco interesse tenho em mantê-la lá", sublinhou, então.

Entretanto, em 27 de julho a Pluris Investments reduziu a sua posição na dona do Correio da Manhã abaixo dos 2% e anunciou a intenção de "alienar todas as participações" que detinha até à data na dona do Correio da Manhã.

Em 24 de novembro de 2020, no dia em que foi eleito presidente do Conselho de Administração da Media Capital, Mário Ferreira disse que a Prisa (anterior dona da dona da TVI) e a Pluris tinham tido um alinhamento de ideias.

"O que posso dizer é que nós achámos que estávamos alinhados e havia um alinhamento de estratégia futura, que está previsto aliás na lei", afirmou Mário Ferreira, na primeira conferência de imprensa desde que foi eleito presidente do grupo, referindo que a empresa estava numa situação difícil.

"É preciso deixar aqui bem claro que esse alinhamento de ideias foi necessário para ser rápido, urgente, porque a Media Capital foi abandonada" pela Cofina, que tinha lançado uma OPA em setembro de 2019, de "uma forma abrupta".

"Ninguém entendeu a razão desse abandono, mas [a Media Capital] foi deixada à deriva e foi necessário que existisse um alinhamento de ideias e um alinhamento da nossa parte em relação a um compromisso de investimento e até de financiamento, que obrigou a escrever isso, o que se chamou de parassocial", afirmou na altura, Mário Ferreira.

Na mesma conferência, Mário Ferreira denunciou que "diversos acionistas" do grupo tinham "sido alvo de ameaças" e difamação e acusou a Cofina de estar por trás dos ataques.

"Fomos informados de que diversos acionistas têm sido alvo de ameaças e de campanhas difamatórias", disse, respondendo que "a difamação para quem lê comunicação social é relativamente fácil de ver, são alvos escolhidos, quase todos os presentes têm sido alvo de ataques do Correio da Manhã, da Sábado e menos, mas também, do Jornal de Negócios, não falando das revistas de especialidade colorida".

Três anos depois, a Media Capital e a Cofina voltam a ser foco no setor dos media.

[Notícia atualizada às 14h27]

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