Questionada pelo deputado do PSD Paulo Moniz, na comissão de inquérito à TAP, sobre uma reunião em 5 de março, com o ministro das Finanças, na véspera do anúncio público da sua exoneração, Christine Ourmières-Widener assumiu que foi um encontro "pesado".
"Pediram-me que me demitisse", revelou a gestora, depois de admitir que é um assunto "ainda muito doloroso" e de consultar os advogados que a acompanham.
Numa anterior resposta à deputada bloquista Mariana Mortágua, a presidente executiva da TAP disse que, naquela reunião, apesar de lhe ter sido que a situação estava "muito complicada", não foi informada de que seria demitida por justa causa no dia seguinte.
"O tom da reunião foi muito triste, dizendo-me que os meus resultados eram fenomenais e que eu tinha feito um trabalho fantástico, que era a pessoa certa para o cargo e que este processo [de indemnização a Alexandra Reis] tinha sido conduzido por mim com boa-fé, mas perante toda a pressão de diferentes partes, não restava ao Governo outra opção, não vendo a continuação do meu mandato", afirmou Ourmières-Widener.
Segundo a gestora, na reunião foi reconhecido que o processo de saída de Alexandra Reis foi gerido pela presidente executiva, com base no parecer de consultores.
Christine Ourmières-Widener sublinhou que foi uma "reunião muito pesada", por ficar a saber que tinha de deixar a companhia devido a um processo que tinha já causado a demissão de um ministro e de um secretário de Estado, com quem trabalhou e com quem tinha "uma relação fantástica".
Christine Ourmières-Widener é a terceira personalidade, de uma lista de cerca de 60, a ser ouvida pela comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP, constituída por iniciativa do Bloco de Esquerda.
A ainda presidente executiva da TAP contestou o despedimento e acusou o Governo de ter tido "pressa política" para a demitir, segundo a contestação da defesa, citada pela TVI/CNN.
O Governo anunciou, em 06 de março, que a Inspeção-Geral de Finanças (IGF) tinha concluído que o acordo celebrado para a saída antecipada de Alexandra Reis da TAP era nulo e que ia pedir a restituição dos valores.
Os ministros das Finanças e das Infraestruturas anunciaram também a exoneração com justa causa da presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, e do presidente do Conselho de Administração, Manuel Beja.
A verificação pela IGF da legalidade da indemnização paga a Alexandra Reis foi determinada em 27 de dezembro do ano passado pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, e pelo então ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos.
Em dezembro, Alexandra Reis tomou posse como secretária de Estado do Tesouro, tendo então estalado a polémica sobre a indemnização que recebeu quando saiu da companhia aérea detida pelo Estado, levando a uma remodelação no Governo, incluindo a saída de Pedro Nuno Santos, que foi substituído por João Galamba.
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