Os últimos meses têm sido marcados pela subida das taxas de juro e a previsão é que esta tendência se mantenha, pelo menos, até ao final do 3.º trimestre de 2023 - mais ou menos até ao final de setembro -, estima Nuno Rico, especialista em assuntos financeiros da DECO Proteste. Junho deverá trazer um novo agravamento da prestação para quem tem revisão do crédito à habitação com taxa variável.
"É expectável que as taxas de juro continuem o movimento de subida dos últimos meses até ao final do 3.º trimestre de 2023. Só a partir daí é que se poderá esperar alguma ligeira redução", disse Nuno Rico, em declarações ao Notícias ao Minuto, sublinhando, "contudo, [que] esta evolução dependerá sempre da trajetória da inflação na zona euro, principal indicador utilizado pelo BCE para definição da sua política monetária".
Prestação deve voltar a aumentar em junho
Por esta altura, ainda não é possível calcular os valores finais, mas a expectativa é que quem tem crédito à habitação com taxa variável e revisão em junho volte a assistir a um agravamento da prestação: "Ainda faltam alguns dias para se poder calcular a média de maio da Euribor, mas tudo indica que vai aumentar em linha com o que tem acontecido nos últimos meses".
"Não podendo ainda calcular valores finais, estimamos que a evolução esperada se vá traduzir em subidas de várias dezenas ou mesmo centenas de euros nas prestações mensais, dependendo da maturidade do indexante do contrato", conclui Nuno Rico.
Perante o aumento das Euribor, o especialista da DECO Proteste considera que "é urgente" que sejam "tomadas medidas que ajudem as famílias portuguesas a lidar com estes aumentos expressivos nas mensalidades dos seus créditos".
Vale lembrar que o Governo anunciou uma bonificação dos juros que abrange famílias com rendimentos até ao sexto escalão do IRS inclusive e com taxa de esforço de 35%, sendo elegíveis créditos para aquisição, construção ou obras para habitação própria e permanente.
"A medida em vigor da bonificação de juros é claramente insuficiente para a dimensão do problema e abrange um número reduzido de consumidores. Por isso, há mais de um mês, apresentámos ao Governo e aos Grupos Parlamentares a proposta de criação de um travão à evolução da prestação, muito mais abrangente e que se traduz num apoio bastante mais significativo aos orçamentos familiares", disse Nuno Rico.
Porém, "passadas todas estas semanas, ainda não foi apresentada, pelos referidos destinatários, disponibilidade para discutir a nossa proposta" e, "enquanto isso, as famílias sofrem e lutam para conseguir manter o cumprimento do seu contrato de crédito à habitação", adianta o especialista em assuntos financeiros da DECO Proteste.
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