Powell, que falava hoje na 4.ª Conferência sobre Estabilidade Financeira, organizada pelo Banco de Espanha e pelo Centro de Estudos Monetários e Financeiros (CEMFI), insistiu que "as pressões inflacionistas continuam a ser elevadas e o processo de regresso da inflação aos 2% ainda tem um longo caminho a percorrer".
O presidente da Fed reconheceu que as condições de crédito mais restritivas "são suscetíveis de afetar a atividade económica, as contratações e a inflação", a que acrescentou a maior restritividade das condições financeiras provocada pelas tensões bancárias de março, que no seu conjunto terão um impacto "ainda incerto" na economia.
Powell explicou que o efeito de uma política monetária restritiva já pode ser visto na queda da procura nos setores mais sensíveis às taxas de juro, em particular a habitação e o investimento empresarial, embora "seja necessário algum tempo para que todos os efeitos da restrição monetária se materializem, especialmente na inflação".
O presidente da Fed também assegurou que a resiliência do sistema financeiro não pode ser considerada um dado adquirido, como ficou demonstrado pela recente "turbulência" na banca norte-americana, após a qual considera necessário reforçar a supervisão e a regulação do setor.
"As falências ocorridas em 2023 (Silicon Valley Bank, First Republic e Signature Bank) foram lembretes dolorosos de que não podemos prever todas as tensões que inevitavelmente surgirão com o tempo e a oportunidade. Não devemos ser complacentes com a resiliência do sistema financeiro", afirmou.
Powell sublinhou que a falência do Silicon Valley Bank (SVB) não se deveu ao risco de crédito, mas sim a uma exposição excessiva à subida das taxas de juro e a um modelo de negócio vulnerável que o Governo "não apreciou inteiramente".
As autoridades devem estar mais bem preparadas para reconhecer quando uma crise está a surgir e "responder de forma decisiva", uma vez que as crises bancárias já não são uma questão de dias ou semanas, mas podem materializar-se quase instantaneamente, sublinhou.
Powell defendeu que a Fed atuou da melhor forma para proteger os depositantes e limitar o contágio, e garantiu que este episódio teria sido muito mais difícil de gerir se os maiores bancos estivessem subcapitalizados ou sem liquidez.
A este respeito, sublinhou todas as medidas adotadas para reforçar o sistema bancário desde que a "grande recessão" de 2008 demonstrou a fragilidade do sistema financeiro com "consequências terríveis" para milhões de pessoas.
"O sistema bancário continua a ser sólido e resistente, os fluxos de depósitos estabilizaram e as tensões diminuíram", afirmou Powell, referindo-se a uma crise financeira que "não condicionou" a política monetária da Reserva Federal para reduzir a inflação.
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