A DBRS, que avalia atualmente a dívida soberana portuguesa em 'A' (baixo), com perspetiva estável, tem previsto pronunciar-se sobre Portugal esta sexta-feira.
Em janeiro, a agência confirmou a avaliação a Portugal,justificando que "os riscos externos ao desempenho económico são equilibrados devido à melhoria persistente das principais métricas das finanças públicas".
Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa, acredita que "a DBRS deverá manter tanto o rating como o 'outlook' [a perspetiva] de Portugal".
Apesar de destacar que "a economia nacional tem recuperado a um bom ritmo, fator que tem ajudado a reduzir o rácio da dívida sobre o Produto Interno Bruto (PIB)", observa que ao registar-se uma fase do ciclo económico em que ainda se assiste a "uma subida das taxas de juro, poderá a prazo causar um abrandamento económico, algo desejado pelos bancos centrais para combater a crescente inflação", o "que deve fazer com que a DBRS seja mais cautelosa relativamente a Portugal".
Por outro lado, Filipe Garcia, presidente da IMF -- Informação de Mercados Financeiros, considera que "a DBRS irá, pelo menos, subir a perspetiva do rating para positiva".
"As agências de 'rating' têm visto com bons olhos a evolução da economia, incluindo as revisões em alta para o crescimento, a trajetória de descida do rácio de dívida e o compromisso do Governo com políticas fiscais responsáveis do ponto de vista da dimensão do défice e da dívida", disse.
Segundo o economista, "as polémicas mais recentes poderão levantar alguma incerteza sobre a estabilidade política", mas não lhe "parece haver motivos para que impeçam uma subida da perspetiva".
"As taxas de juro da dívida (a 10 anos) estão em níveis semelhantes às de janeiro deste ano, quando a DBRS manteve a notação e a perspetivas, mas o 'spread' face à Alemanha é hoje mais baixo do que nessa altura (78 bp vs 92 bp)", assinala, acrescentando que "se é verdade que as taxas de juro curto prazo subiram, fazendo subir o custo médio ponderado da dívida, perspetiva-se que já estejam perto de chegarem ao topo e a evolução das receitas fiscais nominais tem permitido acomodar esses incrementos".
De acordo com o calendário das agências, a próxima a pronunciar-se será a Standard & Poor's (S&P) em 08 de setembro.
O 'rating' é uma avaliação atribuída pelas agências de notação financeira, com grande impacto para o financiamento dos países e das empresas, uma vez que avalia o risco de crédito.
Os calendários das agências de 'rating' são, no entanto, meramente indicativos, podendo estas optar por não se pronunciarem nas datas previstas ou avançarem com uma avaliação não calendarizada.
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