"O setor tem funcionado nesta esfera em que o mercado é extremamente pequeno e altamente competitivo. Eu costumo dizer que é um mercado pequeno, com uma porta de entrada muito estreita. Portanto, há que procurar outras soluções, que podem vir, por exemplo, das exportações", considerou o presidente da FIPA, Jorge Henriques, em entrevista à Lusa.
Segundo a federação, Portugal tem que investir de uma forma "séria, concentrada e profissional" neste setor, que, no ano passado, ultrapassou os 7.000 milhões de euros em exportações.
Agora o objetivo é atingir os 10.000 milhões de euros, no máximo, até 2026, mas, para isso, "é preciso concentrar muitos esforços do lado das entidades oficiais, das empresas produtoras, associações e entidades".
No entanto, a FIPA vincou que a competitividade não é fácil, tendo em conta que Portugal "tem um espartilho", apertado pela economia, pelo consumo e pelo baixo poder de compra dos portugueses.
Esta indústria diz ter vivido os últimos anos com apreensão, devido a fenómenos como a pandemia, a guerra na Ucrânia, dificuldades no abastecimento das matérias-primas, inflação e ao consequente aumento do custo dos produtos, o que provocou uma redução no consumo, e o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a 'bazuca', ficou aquém do necessário.
"O país tem que ter um desígnio para a indústria agroalimentar [...]. É importante que se continue a investir neste setor e, sobretudo, nos instrumentos que permitam alavancar o conhecimento e a inovação e, simultaneamente, dar ao setor uma maior robustez. O que nós achamos é que, de uma forma geral, o PRR ficou muito aquém", vincou.
Já sobre a PARCA -- Plataforma de Acompanhamento nas Relações na Cadeia Agroalimentar, a FIPA afirmou-se como defensora, apoiante e impulsionadora deste projeto, onde são discutidos temas "absolutamente fundamentais" para o setor e para o país.
Neste âmbito, considerou o recentemente apresentado Observatório de Preços como um projeto complexo e difícil de dimensionar, que ainda está numa fase inicial.
"O conjunto de produtos e setores que foram colocados na primeira fase dão-nos uma visão daquilo que pode ser um Observatório de Preços em linha com os que já existem em Espanha ou França porque é muito baseado nestes modelos. Nós estamos expectantes para ver como é que ele vai avançar. A primeira fase está aí e não é o fim do processo", notou.
O Observatório de Preços compara a evolução dos valores de um cabaz de 26 produtos alimentares representativos das fileiras dos cereais, frutas, legumes, carne, peixe, ovos, azeite e laticínios, tendo em alguns produtos a comparação de valores na produção e no consumo.
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