BEI quer ser alternativa perante fraca economia e limitações ao crédito
O vice-presidente do Banco Europeu de Investimento (BEI) Ricardo Mourinho Félix argumenta que o banco da União Europeia (UE) pode "proteger o investimento" face ao fraco dinamismo económico e às limitações ao crédito, quando se prevê mais malparado.
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Economia Ricardo Mourinho Félix
"O BEI tem um papel aqui em particular neste contexto do ecossistema de inovação e de ser o [...] principal financiador de capital de risco na União Europeia e, portanto, o BEI tem aqui um papel importante, seja à escala europeia, seja neste ecossistema de inovação e a mensagem que temos passado é de que continuamos a olhar para os para os projetos, continuamos a trabalhar com os gestores de fundos para encontrar os melhores projetos, para que o investimento e o desenvolvimento e inovação não sejam afetados por um ambiente internacional que está mais sombrio [...] marcado pelas incertezas quer dos conflitos militares, quer da das questões de tensões geopolíticas, quer pelo abrandamento das economias", disse Ricardo Mourinho Félix, em entrevista à agência Lusa.
Um dia depois de a Comissão Europeia ter revisto em baixa o Produto Interno Bruto (PIB) para 2023 e 2024, o responsável argumentou que "o BEI tem aqui um papel contra cíclico, um papel de continuar no mercado de proteger o investimento, mesmo num período em que a economia está mais fraca e em que está em alguns países a registar contrações".
Numa altura de limitações ao crédito e de apertada política monetária, com elevadas taxas de juro, Ricardo Mourinho Félix admitiu que "há aqui algum impacto direto, por exemplo, na contração de empréstimos", registando-se "alguma retração e redução do apetite pelo risco, ou seja, os bancos, as agências, as instituições financeiras terem uma maior aversão ao risco e, portanto, estarem menos disponíveis para emprestar em projetos mais arriscados".
"E aí o BEI, com uma capacidade de absorção de risco que tem reconhecidamente [...] pode dar essa garantia para, precisamente, poder continuar a apoiar o investimento, mesmo em condições em que há um menor apetite por assumir riscos por parte das instituições financeiras", apontou.
Ainda assim, de acordo com Ricardo Mourinho Félix, as medidas adotadas pós-crise financeira de 2008 para o setor financeiro europeu "robusteceram todos os sistemas de avaliação de crédito e de risco dos bancos", pelo que este "estará bem preparado para enfrentar uma situação de andamento em que haja [...] um aumento do crédito do crédito malparado".
O BEI é o banco da UE e financia projetos que contribuam para os objetivos europeus, como ao nível da transição ecológica e energética, tanto dentro como fora do bloco comunitário.
Em 2022, o grupo BEI disponibilizou 72,5 mil milhões de euros em financiamento, 1,7 mil milhões dos quais para Portugal.
Na quarta-feira, a Comissão Europeia voltou a rever em baixa, pela segunda vez consecutiva, a previsão de crescimento económico da zona euro, para 0,6% este ano e 1,2% em 2024, pela perda de dinamismo da economia e elevado custo de vida.
A revisão em baixa tem também em conta o peso da subida das taxas de juro por parte do Banco Central Europeu (BCE).
Para atingir o objetivo de 2% de inflação fixado para a estabilidade dos preços, o BCE tem vindo a fazer sucessivos aumentos das taxas de juro, entretanto estabilizados em níveis altos.
Esta situação afeta nomeadamente países com uma percentagem considerável de crédito à habitação a taxa variável, como Portugal.
Numa entrevista à agência Lusa e outros meios internacionais, na passada semana, o diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a Europa, Alfred Kammer, aconselhou os bancos portugueses a evitar canalizar para dividendos a totalidade dos lucros, que estão a aumentar, pedindo antes reforço das reservas de capital como 'almofada' perante eventual aumento do malparado e das falências.
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