"Pensamos que a descida da inflação será completada este ano", afirmou a responsável, durante um painel na Conferência Global do Milken Institute, que decorre em Los Angeles até 08 de maio.
Georgieva sublinhou que o nível de inflação não está apenas nas mãos da Reserva Federal, mas também das empresas norte-americanas que estão a reparar as cadeias de abastecimento e a desempenhar um papel no alívio inflacionista.
"Há razões para estar contente com o desempenho da economia americana", afirmou, apontando que os Estados Unidos têm uma economia muito inovadora e um mercado laboral muito forte, que estão a empurrar para cima a economia mundial.
"Os EUA têm a tremenda vantagem de exportar energia numa altura em que a Inteligência Artificial exige muita energia", indicou, acrescentando: "Sabemos que outras economias estão a coxear por causa da sua dependência energética".
É a questão da energia que pode interromper a evolução positiva da inflação, que está a descer de forma sustentada, mas a perspetiva do FMI mantém-se otimista.
"No nosso cenário de base, vemos a inflação a descer até ao nível desejado e a Reserva Federal a começar a cortar as taxas de juro", declarou Kristalina Georgieva.
Pouco depois, o presidente do Banco da Reserva Federal de Nova Iorque, John Williams, optou por não apontar um horizonte temporal para a descida das taxas.
"Vamos tomar as nossas decisões com base nos dados e nos objetivos que temos, de máximo emprego e estabilidade dos preços", indicou o responsável, numa das sessões seguintes da conferência.
"Esperamos que o movimento seja na direção que queremos ver tanto na inflação como estabilidade da economia", disse.
Williams, que preside a um dos 12 bancos regionais que compõem o sistema da Reserva Federal, disse que é preciso olhar para "a totalidade dos dados", não apenas para o relatório de emprego ou para o índice de preços no consumidor.
"Eventualmente vamos ter cortes das taxas", afirmou. "Estamos num bom momento e temos tempo para recolher mais dados", acrescentou.
Para a economia norte-americana, Williams espera "bom crescimento" mas um pouco inferior ao do ano passado, no intervalo entre 2% e 2,5%. Também avisou que vários dos problemas identificados -- tais como um défice muito elevado, em torno dos 7% do Produto Interno Bruto (PIB), não são exclusivos dos Estados Unidos.
"Claramente não é só nos EUA, em várias partes do mundo vimos aumentos significativos na despesa durante a pandemia e agora aumentos nos gastos com defesa após a invasão da Ucrânia pela Rússia", declarou.
O presidente também salientou que, embora os volumes de comércio internacional estejam estagnados, não há sinais concretos de que estejamos num momento de desglobalização ou fragmentação. Isto apesar de reconhecer que muitas cadeias de abastecimento foram movidas para territórios mais perto após a pandemia.
"Esta ideia de que estamos a fragmentar a economia global parece-me prematura", considerou.
A Conferência Global do Milken Institute decorre no hotel Beverly Hilton, em Los Angeles, até quarta-feira, 08 de maio.
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