Ucrânia. Portuguesa que dirige esforços de reconstrução destaca o privado

A economista portuguesa Inês Rocha, que dirige esforços da reconstrução ucraniana através do Banco Mundial, destacou a importância de continuar a apoiar o setor privado para manter empregos e capacidade produtiva na Ucrânia, especialmente no setor energético.

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© Kostiantyn Liberov/Libkos/Getty Images)

Lusa
11/06/2024 07:45 ‧ 11/06/2024 por Lusa

Economia

Entrevista

Em entrevista à Lusa uma semana após ter sido nomeada diretora regional para a Europa da Corporação Financeira Internacional (IFC, na sigla em inglês), membro do Grupo Banco Mundial, Inês Rocha enalteceu a "resiliência inacreditável" não só da economia, como também da população ucraniana, frisando que várias empresas continuam a investir no país.

Como parte da resposta mais ampla do Grupo Banco Mundial à invasão da Ucrânia pela Rússia, a IFC apoiou o setor privado ucraniano em 2022 com um pacote de dois mil milhões de dólares (1,85 mil milhões de euros), 1,4 mil milhões dos quais já investidos.

Um dos setores em que a IFC está a trabalhar é o da energia, com a diretora portuguesa a destacar que a Ucrânia perdeu, desde o início da guerra, 19 gigawatts dos cerca de 40 gigawatts instalados e entre março e maio perdeu grande capacidade de geração de energia.

"A IFC está a trabalhar em oportunidades neste setor da energia, mas, sobretudo, é de salientar a importância de continuar a apoiar o setor privado para manter empregos, capacidade produtiva e também impostos, que é um lado bastante importante, porque os impostos ajudam no Orçamento de Estado a manter a economia viva, as luzes a funcionar, os comboios a circular, que é importantíssimo para a Ucrânia", observou.

Em fevereiro deste ano, depois de dois anos da invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia, a Avaliação Rápida de Danos e Necessidades - publicada pelo Governo da Ucrânia, Banco Mundial, Comissão Europeia e Nações Unidas - elevou para 486 mil milhões de dólares (449 mil milhões de euros) o custo total da reconstrução e recuperação da Ucrânia.

Apesar da Rússia ter intensificado a sua ofensiva nas últimas semanas, ainda não foi feita uma nova avaliação, mas Inês Rocha prevê que as necessidades no setor de energia poderão ser ainda maiores considerando os últimos ataques de Moscovo.

"Este valor de 486 mil milhões é bastante elevado, mas o Banco Mundial estima que há certas reformas que, sendo feitas, poderão ajudar nesse sentido, e que o setor privado pode dar resposta a um terço dessas necessidades caso essas reformas sejam implementadas, sendo que muitas delas estão ligadas à adesão à União Europeia", referiu.

Inês Rocha apontou que um setor que pode atrair um importante investimento privado é o das renováveis, considerando relevante efetuar reformas que permitam desenvolver a componente eólica, armazenamento de energia solar, armazenagem portátil, eficiência energética, melhorias nas grelhas, entre outros, salientando que essa "é uma área em que Portugal tem muito conhecimento e é um dos países pioneiros no setor".

"A importância das reformas é que ajuda a mobilizar investimento privado. Se se conseguir implementar estas reformas, pode-se aumentar o valor do investimento privado, que pode ajudar a diminuir depois as necessidades de fundos públicos e outras fontes", frisou a economista à Lusa.

Inês Rocha referiu que no setor das renováveis, se forem efetuadas certas melhorias na grelha energética, "pode-se aumentar a capacidade do setor renovável de se expandir e então aí atrair mais investidores".

A IFC afirmou estar preparada para aumentar o seu próprio apoio à reconstrução da Ucrânia à medida que mais fundos de doadores forem disponibilizados para a redução de riscos e espera fornecer mais 1,4 mil milhões de dólares (1,29 mil milhões de euros) para o setor privado no próximo ano, com foco em energia, infraestrutura, agricultura e pequenas e médias empresas.

A IFC anunciará ainda novos investimentos e iniciativas na terceira Conferência Internacional sobre a Recuperação da Ucrânia de Berlim, hoje e quarta-feira.

Leia Também: Zelensky na Alemanha para discutir armamento e reconstrução

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