Inflação. Angola continua a enfrentar riscos que podem comprometer metas

Angola continua a enfrentar riscos que podem comprometer as metas da inflação, como depreciação cambial e reajustes nos subsídios aos combustíveis, que podem levar a uma política monetária mais cautelosa, segundo analistas do Banco Millennium Atlântico.

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Lusa
22/07/2024 20:03 ‧ 22/07/2024 por Lusa

Economia

Angola

Os economistas apontam os desafios da inflação, que iniciou, em termos homólogos, uma trajetória de aceleração em maio de 2023, altura em que passou de 10,62% para fechar o ano em 20,01%, obrigando o Comité de Política Monetária (CPM) a tomar decisões no sentido de "controlar as pressões inflacionistas".

 

Desde o início de 2024, o BNA aumentou a Taxa de juro básica em 1,5 pontos percentuais (p.p.) para 19,5%, a Taxa de Juro da Facilidade Permanente de Absorção de liquidez (FPAL) em 1,0 p.p. para 18,50%, a Taxa de Juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez (FPCL) em 2,0 p.p. para 20,5%, o coeficiente das reservas obrigatórias em moeda nacional em 3,0 p.p. para 21% e manteve as reservas de moeda estrangeira nos 22%.

O banco central decidiu manter inalteradas as taxas de juro de referência, na última reunião do CPM, realizada sexta-feira, altura em que, apesar da taxa de inflação homóloga acelerar para 31% em junho, em termos mensais, se verificou a desaceleração por dois meses consecutivos, isto é, em maio fixou-se em 2,49%, uma desaceleração mensal de 0,12 p.p., enquanto em junho fixou-se em 2,07%.

"No entanto, o BNA manteve a meta de inflação de fim do período em 23,4%, justificado pela perspetiva que a trajetória de queda da mensal poderá contribuir para uma desaceleração em termos homólogos a partir de agosto", sublinha.

De acordo com a análise, para o médio prazo, "a ambição do BNA passa por trazer a inflação abaixo de dois dígitos".

Entretanto, os analistas consideram que, apesar da melhoria na oferta de bens essenciais e pelo controlo da liquidez, "permanecem riscos com potencial de condicionar as metas".

São estes riscos, a depreciação cambial do kwanza, induzida pela redução das exportações e manutenção dos níveis de importação, a aceleração da inflação nas economias de origem das importações, a possibilidade de o Governo realizar ajustes adicionais nos preços dos combustíveis, no âmbito do processo de retirada dos subsídios, cujo prazo de implementação tem duração prevista de 2023 a 2025.

"Esta realidade poderá condicionar a política monetária do BNA e exigir um posicionamento cauteloso, proximamente", declaram os analistas.

Na nota de análise, os economistas salientam que o objetivo primário do Banco Nacional de Angola (BNA) é assegurar a estabilidade dos preços, dispondo para isso de vários instrumentos de gestão da liquidez: Taxa BNA; Taxa de Juro da Facilidade Permanente de Absorção de liquidez (FPAL); Taxa de Juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez (FPCL); Reservas Obrigatórias; e Operações de Mercado Aberto (OMA).

Leia Também: Angola registou 4 tentativas de furto de petroleiros nos últimos 2 anos

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