"Tendo acompanhado, de perto, a preocupação da Fenadegas [Federação Nacional das Adegas Cooperativas de Portugal] nos últimos meses em relação aos excedentes de vinho, a Confagri [Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal] não pode deixar de considerar que a distribuição dos 15.000.000 euros autorizados para a destilação de crise tem de ser feita de forma mais equitativa e justa", apontou, em comunicado.
Para a Confagri, esta distribuição deve compreender as especificidades de cada região e as dificuldades dos produtores.
A confederação pediu ainda que não exista uma discriminação negativa entre regiões e produtores, lembrando que todos pagam quotas ao IVV -- Instituto da Vinha e do Vinho.
Citado na mesma nota, o secretário-geral da Confagri, Nuno Serra, defendeu ser urgente encontrar uma solução que consiga colmatar os prejuízos que as regiões irão sofrer, "de forma a abranger as características específicas de cada uma".
Para Nuno Serra, existem "condições suficientes e ao alcance do Governo" para garantir um valor mais justo e equitativo, relembrando que a dotação total do apoio pode ser majorada em 200% pelo Estado.
A Fenadegas contestou o preço pago pelo litro de vinho destilado, notando ser um "total desrespeito" pelas denominações de origem, e antecipou a revolta dos agricultores.
Na quinta-feira, o ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, disse que não quer "andar a pôr as regiões umas contra as outras" devido ao preço por litro da destilação do vinho, admitindo que há diferenças na produção.
"Eu não quero andar aqui a pôr as regiões umas contra as outras, mas é verdade que a produção de vinho numa região é diferente da de outra região", referiu o governante, que falava aos jornalistas em Matosinhos.
"Se perguntar a uma região se aceitava que o que ela paga e que está cativado pudesse ir para outra, tenho dúvidas que houvesse essa aceitação e é impossível termos um algoritmo que traduzisse com absoluta justiça" aquilo que é "o preço por litro".
A Comissão Europeia anunciou, em julho, a atribuição de 15 milhões de euros da União Europeia (UE) para apoiar produtores de vinho portugueses com graves perturbações do mercado, num 'bolo' total de 77 milhões de euros para quatro países.
Em comunicado, o executivo comunitário disse ter proposto aos Estados-membros, que o aceitaram, a mobilização de 15 milhões de euros da reserva agrícola da UE para "apoiar produtores de vinho portugueses que enfrentam graves perturbações do mercado".
Este montante insere-se dentro de uma soma total de 77 milhões de euros que também apoiará agricultores dos setores frutícola, hortícola e vitivinícola da Áustria, da República Checa e da Polónia, recentemente afetados por acontecimentos climáticos adversos sem precedentes, acrescenta a instituição, sendo que os quatro países em causa podem complementar este apoio da UE até 200% com fundos nacionais.
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