África Austral pode ser celeiro do continente. "Só usa 1% do potencial"

O secretário executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA) defende que a África Austral pode ser o celeiro de África e exortou os países a usarem melhor os seus vastos recursos naturais.

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Lusa
19/08/2024 13:18 ‧ 19/08/2024 por Lusa

Economia

ONU

"Não há razão para África importar cerca de 120 mil milhões de dólares (108 mil milhões de euros) em produtos alimentares quando a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) pode ser o celeiro de África", disse Claver Gatete no discurso na cerimónia de encerramento da cimeira da SADC, que decorreu em Harare, no Zimbabué.

 

Para o responsável da ONU em África, a região que engloba os lusófonos Angola e Moçambique pode liderar o continente na definição de soluções internas a nível de mobilização dos recursos e financiamento inovador para combater os impactos das alterações climática e garantir um desenvolvimento sustentável.

"Isto pode ser feito no contexto dos desafios financeiros e climáticos, incluindo a elevada dívida pública em África, que causa dificuldades financeiras agudas, com mais de um em cada três países a estarem ou já em sobre-endividamento ou em elevado risco de lá chegarem", disse Gatete, citado num comunicado de imprensa da UNECA enviado à Lusa.

O aproveitamento dos recursos naturais será essencial, defendeu, lembrando que a África Austral alberga aos maiores reservas de ouro, cobre, cobalto, lítio, crómio, grafite d platina, tendo significativas quantidades de gado e produtos agrícolas e que, se conseguir subir na cadeia de valor regional da energia, agricultura e minerais críticos, pode colher os benefícios de uma industrialização sustentável, garantir a segurança alimentar, aumentar os empregos e reduzir a pobreza e as desigualdades.

"A SADC pode ser um fornecedor continental de energia com o desenvolvimento desta cadeia de valor, uma vez que só está a usar 1% do seu potencial solar e eólico", defendeu, salientando que a aceleração da industrialização "não é só uma questão de conveniência, é uma absoluta necessidade".

Os líderes do sul de África reuniram-se no sábado, durante a 44.ª cimeira anual da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), em Harare, no Zimbabué, na qual o chefe de Estado de Angola, João Lourenço, passou a presidência desta entidade para o Presidente do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, que assumiu a presidência rotativa anual da SADC.

Anualmente, o encontro junta chefes de Estado e de Governo dos 16 Estados-membros (Angola, Botsuana, Comores, República Democrática do Congo, Essuatíni, Lesoto, Madagáscar, Maláui, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Seicheles, África do Sul, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué) e líderes de organismos continentais e regionais na qualidade de observadores.

Leia Também: Líderes da África Austral alertam para fome devido a longo período de seca

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