Trabalhadores denunciam que CGD incumpre serviço público no interior e ilhas

A Comissão de Trabalhadores da CGD considerou hoje, no parlamento, que a redução de prestação de serviços bancários no interior e ilhas faz com que a empresa esteja a incumprir a sua missão de serviço público.

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© Luis Boza/NurPhoto via Getty Images

Lusa
08/01/2025 17:03 ‧ há 13 horas por Lusa

Economia

CGD

A Comissão de Trabalhadores (CT) da Caixa Geral de Depósitos (CGD) foi hoje ouvida pelos deputados da comissão parlamentar de orçamento e finanças.

 

Segundo o coordenador da CT, Jorge Canadelo, os números de encerramentos de balcões da CGD até 2023 impactaram muito a reputação do banco público pelo que houve uma alteração de paradigma com a administração do banco (liderada por Paulo Macedo) a optar por manter balcões, mas diminuindo os serviços prestados (por exemplo, sem tesouraria presencial) e diminuindo o número de trabalhadores.

"Passou-se não a encerrar, mas a diminuir, a restringir, a alterar o funcionamento", disse Canadelo aos deputados.

Para a CT, esse modelo não serve as necessidades da população e isso é ainda mais evidente em zonas do interior de Portugal continental e ilhas em que há agências que têm apenas um bancário e o desaparecimento de serviço como tesouraria presencial impacta muito uma população sobretudo idosa.

Deu o exemplo de pessoas analfabetas que, pelas regras, não podem ter cartão bancário e que ficam sem poder fazer algumas operações e de autarquias e empresas que precisam de fazer operações físicas que na sua agência não conseguem e têm de se deslocar muitos quilómetros.

"Por muitos milhões que sejam investidos em postos automáticos, se não for feita marcha--atrás e uma análise casuística, caso a caso, não é cumprido o serviço público bancário em plenitude", disse aos deputados.

Neste momento, a CT já deu parecer a mais de 60 agências do novo modelo (designadas Noma Smart), mas acredita que lhes serão pedidos pareceres sobre muitas mais.

A CT também considera que, com as recentes decisões, a administração da CGD está a minar a coesão do país e disse à Lusa que já deu conta das informações hoje prestadas aos deputados ao secretário de Estado da Coesão e Ordenamento do Território assim como à ANMP - Associação Nacional de Municípios e à ANF - Associação Nacional de Freguesias.

Também já enviou uma carta ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, que remeteu para a tutela. Contudo, da tutela, o Ministério das Finanças, não obtiveram qualquer resposta às cartas enviadas.

Em outubro, questionada sobre o novo modelo de agências, a CGD afirmou que "é completamente falso que esteja a reduzir serviços, nomeadamente no interior ou nas ilhas" e que "só por manifesta má-fé o investimento superior a 70 milhões de euros que a Caixa está a realizar sua extensa rede de agências pode ser entendido como recuo de serviços, quando o mesmo se insere num plano de transformação digital que visa servir mais e melhor os seus clientes onde quer que eles estejam".

Segundo a CGD, a criação de agências de nova geração "não deixa ninguém para trás e aumenta de forma significativa a sua capacidade de serviço aos clientes, nomeadamente nas disponibilidades de tesouraria".

Hoje, na audição parlamentar, a CT da CGD falou ainda das condições de trabalho no banco público, considerando que, além dos salários não acompanharem o aumento do custo de vida, as condições de trabalho são "muito insuficientes e cada vez mais depauperadas" com muita pressão nos locais de trabalho "que se transforma muito rapidamente em situações assediantes ou mesmo de concreto assédio".

Jorge Canadelo disse que é perante tanta pressão e desmotivação que muitas pessoas acedem à possibilidade de reformas antecipadas usando esta "saída desesperada" como forma de escape. Afirmou também que há muitas vezes pressão para que os funcionários aceitem sair desse modo.

"Não são só as remunerações, é as pessoas sentirem que não há meios técnicos e humanos para a CGD levar a cabo a missão de banco público" que as faz sair, disse.

No final de setembro, a CGD contava com 6.227 trabalhadores em 512 agências.

Leia Também: S&P avalia rating da CGD em A- com perspetiva positiva

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