O índice S&P Merval, que agrupa as ações das principais empresas listadas na Bolsa de Valores de Buenos Aires, caiu 5,58%.
As quedas foram generalizadas, mas as maiores desvalorizações foram das ações da Lona Negra (-8,07%), BBVA Argentina (-7,71%) e Central Puerto (-7,40%).
Os títulos do governo argentino também sentiram o impacto, com quedas entre 2% e 3% para os títulos em dólares norte-americanos.
"O suposto apoio de Milei à $Libra gerou uma reação negativa. O mercado abriu no vermelho, tanto para ações, que perderam 7%, quanto para títulos, com quedas de até 3,6%. Depois a pressão acalmou", disse à EFE Leonardo Piazza, diretor da consultoria LP Consulting.
Na passada sexta-feira, quando os mercados já estavam fechados, Milei apoiou através das redes sociais o 'Projeto Viva la Libertad' e a criptomoeda associada $Libra através das redes sociais, o que desencadeou uma onda de compras.
Horas mais tarde, alguns investidores venderam as suas participações a preços elevados e o valor do ativo afundou.
Milei apagou a sua mensagem inicial de apoio e disse não conhecer os detalhes do projeto. Fortes críticas políticas foram desencadeadas ao presidente e mais de uma centena de vítimas apresentaram queixas à Justiça.
A moeda, desenvolvida pela KIP Protocol e Hayden Davis, poderia ser obtida acedendo a uma ligação que direcionava os utilizadores para um 'site' chamado vivalalibertadproject.com, referindo-se à frase com a qual Milei encerra discursos e mensagens nas suas redes sociais.
O mercado acompanha de perto as implicações do caso, já que o presidente argentino poderá sofrer um 'impeachment' caso a oposição promova um processo desse tipo ou seja foco de investigações judiciais.
Mas os investidores também estão a observar atentamente se o escândalo poderá afectar negativamente as negociações em curso entre a Argentina e o Fundo Monetário Internacional (FMI) para um novo acordo.
Embora a reação do mercado tenha sido muito negativa esta segunda-feira, o economista Pablo Tigani, diretor-executivo da Fundação Esperanza destacou à EFE que o dia chave para avaliar a dimensão dos efeitos do 'caso $Libra' será esta terça-feira, quando reabre o mercado americano, onde estão cotadas grandes empresas argentinas e títulos soberanos do país sul-americano e que hoje esteve encerrado por ser feriado.
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