CML aprova dois novos hotéis - incluindo um onde morreu Fernando Pessoa

A Câmara de Lisboa aprovou hoje a construção de dois hotéis na cidade, um dos quais será um empreendimento de luxo nos edifícios do Hospital de São Luís dos Franceses, no Bairro Alto, onde morreu o poeta Fernando Pessoa.

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Lusa
19/02/2025 21:32 ‧ há 2 dias por Lusa

Economia

Lisboa

Em reunião privada do executivo camarário, as duas propostas relativas aos novos hotéis foram aprovadas com os votos contra de PCP, Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre) e BE, a abstenção do PS e os votos a favor da liderança PSD/CDS-PP, que governa sem maioria absoluta, informou à Lusa fonte do município, indicando que o Livre não esteve presente nestas votações.

 

Subscrita pela vereadora do Urbanismo, Joana Almeida (independente eleita pela coligação "Novos Tempos" PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), a proposta relativa aos edifícios do Hospital de São Luís dos Franceses, no Bairro Alto, na freguesia da Misericórdia, prevê uma obra de ampliação, com recurso a demolições parciais, para a instalação de "um estabelecimento hoteleiro de 5 estrelas, com 68 unidades de alojamento, das quais 4 quartos individuais, 62 quartos duplos e 2 suítes".

A operação urbanística incide sobre um prédio urbano com uma área total de 1.567,30 m² (metros quadrados), referente ao antigo Palácio Cunhal das Bolas, composto por seis edifícios, atualmente ocupados pelo Hospital de São Luís dos Franceses, e que, de acordo com o regulamento do Plano de Urbanização do Núcleo Histórico do Bairro Alto e Bica (PUNHBAB), se localiza em "área histórica habitacional I" e integra a Carta Municipal do Património Edificado e Paisagístico, sendo "parte integrante de um Conjunto de Interesse Público -- Bairro Alto, classificação de relevância nacional e sujeita à tutela do Património Cultural IP".

O licenciamento da obra, pedido pela Mercan Property Bairroalto, Lda, na qualidade de proprietária do prédio localizado na Rua da Rosa n.º 181-197 e na Rua Luz Soriano n.º 178-182, "consubstancia a preservação da estrutura original" do Palácio Cunhal das Bolas, "assumindo-se o conjunto com a justaposição de partes distintas, dotado de diferentes linguagens, que se completam, contemplando a manutenção da entrada principal através do pátio da Rua Luz Soriano".

De acordo com a proposta, o edifício previsto para o novo hotel apresenta cinco pisos acima da cota de soleira e um piso em cave, com uma superfície de pavimento de 5.751,58 m², e são mantidas as alturas máximas de fachada e de edificação existentes.

A aprovação do projeto de arquitetura desta obra é condicionada à "apresentação do parecer conclusivo favorável do Património Cultural IP, que deverá incidir sobre as vertentes de arquitetura, arqueologia e arranjos exteriores", e à "reposição da placa com a inscrição de Fernando Pessoa, que se encontrava junto ao portão principal".

O poeta Fernando Pessoa foi internado em 29 de novembro de 1935 no Hospital de São Luís dos Franceses, onde acabou por morrer no dia seguinte, aos 47 anos.

Na reunião, a câmara aprovou também o projeto de arquitetura, a realizar no prédio da Rua Tomás Ribeiro n.º 49, na freguesia Avenidas Novas, com uma área de 1.022,48 m², para a construção de um hotel de 4 estrelas, com capacidade para 117 unidades de alojamento.

"O novo edifício, com área de implantação de 925,43 m², superfície de pavimento de 5.218,01 m², área de construção de 8.067,25 m², apresenta sete pisos acima da cota de soleira mais um piso recuado e quatro pisos abaixo da cota de soleira e altura máxima de edificação e de fachada de 27,10 m e 21,45 m, respetivamente", de acordo com a proposta.

A aprovação deste projeto, submetido pela Predurba - Prédios Urbanos SA, enquanto proprietária do prédio, é condicionada ao cumprimento dos pareces das várias entidades consultadas.

Num comunicado enviado após a aprovação destas propostas, a vereação do BE criticou a construção de dois novos hotéis em Lisboa, em particular o que se prevê no Palácio Cunhal das Bolas, referindo que "é um imóvel classificado que irá ser esventrado e passar a hotel numa zona totalmente saturada pelo turismo".

"Desde o início do mandato de Carlos Moedas (PSD) têm sido abertos dois hotéis por mês, o que dá nota do sobreturismo a que Lisboa tem sido votada", expôs o BE, indicando que nesta reunião foi ainda discutida uma nova residência privada para estudantes nas Olaias, lamentando a ausência de propostas para residências públicas.

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