De acordo com as "Estatísticas Bancárias Internacionais em Base Consolidada" do Banco de Portugal (BdP), em 2024 o aumento da exposição internacional dos bancos portugueses ocorreu sobretudo perante o setor público (+16.800 milhões de euros) e perante os restantes países da União Europeia (+21.100 milhões de euros).
No final do ano passado, a exposição imediata dos bancos portugueses era de 128.000 milhões de euros, mais 23.100 milhões do que no final de 2023.
Já a exposição de última instância dos bancos portugueses atingiu 129.600 milhões de euros, 24.400 milhões acima do ano anterior, destacando-se a Polónia, Espanha e França como os países perante os quais Portugal tinha maior exposição.
Segundo o BdP, no ano passado "manteve-se a tendência de crescimento dos ativos financeiros nas duas óticas".
"A diferença entre a exposição de última instância e a imediata, no valor de 1.600 milhões de euros no final de 2024 (200 milhões de euros no final de 2023), corresponde a uma transferência de risco líquida de Portugal para o exterior, ou seja, existiam mais ativos financeiros sobre entidades nacionais garantidos por entidades estrangeiras do que o inverso", detalha.
Em 2024, a transferência de risco líquida foi "particularmente positiva" para a Irlanda e para o Luxemburgo, o que significa que estes países assumiram maior risco numa ótica de última instância.
Pelo contrário, foi negativa para Moçambique, Cabo Verde e Angola, que transferiram risco líquido para outros países.
Entre o final de 2023 e o final de 2024, o aumento do total dos ativos ocorreu quer nos ativos externos (+19.300 milhões de euros), quer nos ativos locais (+5.100 milhões de euros).
O banco central destaca, no entanto, que o acréscimo foi "bastante superior" nos ativos externos, sobretudo da União Europeia excluindo Portugal, traduzindo "um incremento da importância da exposição a residentes noutro país que não o da respetiva localização".
O BdP nota ainda que, nos últimos anos, a exposição ao setor público (composto pelas administrações públicas e bancos centrais) "tem crescido continuamente", ultrapassando, no final de 2022, a exposição ao setor privado não bancário (composto pelo setor financeiro não bancário, sociedades não financeiras e particulares).
No final de 2024, a exposição dos bancos portugueses ao setor público em termos de ativos internacionais era de 69.500 milhões de euros, o que representava 54% do total daqueles ativos.
Segundo o Banco de Portugal, o peso da exposição dos bancos portugueses ao setor público "cresceu para a generalidade dos agregados geográficos analisados, com exceção dos BRICS [Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul], perante os quais aumentou a exposição ao setor bancário".
Estas estatísticas do BdP apresentam duas perspetivas da exposição internacional dos bancos com sede em Portugal, consoante a ótica da contraparte imediata e a ótica da última contraparte.
A contraparte imediata considera a contraparte com quem o banco celebrou o contrato e que tem, em primeira instância, a responsabilidade pelo seu cumprimento, enquanto a última contraparte considera o devedor de última instância, isto é, a contraparte que assume a responsabilidade pelo cumprimento do contrato, caso o devedor imediato entre em incumprimento.
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