Riscos com "tendência ascendente" nos seguros devido a contexto internacional

Os riscos de várias vertentes do setor segurador estão em "tendência ascendente", devido ao contexto internacional adverso, incluindo a volatilidade nos mercados acionista e obrigacionista, disse esta segunda-feira a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF).

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Lusa
14/04/2025 20:19 ‧ ontem por Lusa

Economia

Seguros

Na edição mais recente do Painel de Riscos do Setor Segurador, que considera informação relativa a 17 de março, conjugada com os dados reportados pelas empresas de seguros com referência a 31 de dezembro de 2024, a ASF concluiu que os riscos macroeconómicos se mantêm "em nível médio-alto, embora com tendência ascendente".

 

"Esta evolução resulta do contexto internacional adverso, marcado por conflitos geopolíticos e políticas comerciais protecionistas, que poderão afetar o crescimento económico e a inflação na Europa e em Portugal", destacou, acrescentando que "a situação é agravada pela instabilidade política a nível nacional".

De acordo com a ASF, os riscos de crédito mantiveram-se também "no nível médio-alto", tendo-se registado "a redução da exposição do setor segurador à dívida privada e a descida gradual das taxas de juro de referência pelo Banco Central Europeu, que tem proporcionado melhores condições de financiamento".

No entanto, alertou, "persistem vulnerabilidades relacionadas com um potencial aumento do endividamento dos Estados-membros da União Europeia devido às crescentes necessidades de investimento em defesa".

Já os riscos de mercado, que ficam "em nível médio-alto", contam também "com tendência ascendente". Segundo a ASF, desde o final de fevereiro de 2025, "verificou-se um aumento da volatilidade dos mercados obrigacionista e acionista, refletindo a incerteza económica e geopolítica, o que potencia o risco de uma correção futura acentuada dos preços dos ativos".

A entidade salientou que, "nos dias anteriores à publicação da presente edição, em resultado da imposição de tarifas pelos EUA, assistiu-se a um agravamento da volatilidade nos mercados acionistas desde a data de corte das variáveis financeiras considerada" no painel "em cerca de 14% (entre 17 de março e 7 de abril)".

A ASF disse ainda que, "no referido período, a volatilidade dos mercados obrigacionistas apresentou uma evolução no mesmo sentido, ainda que mais comedida".

Quanto à categoria de riscos de liquidez, esta "permanece em nível médio-baixo, apesar de uma ligeira deterioração do rácio de liquidez de ativos", sendo que, em contrapartida, "o rácio de entradas sobre saídas continuou a apresentar melhorias".

A ASF apontou ainda que "os riscos de rendibilidade e solvência mantêm-se no nível médio-baixo, mas com tendência inclinada ascendente", uma evolução explicada "pela deterioração dos resultados técnicos do ramo automóvel".

Ainda assim, "apesar de um ligeiro decréscimo, o rácio global de solvência manteve-se acima dos 200%, assegurando uma posição global sólida do setor para fazer face a eventos adversos", garantiu.

Para a ASF, "os riscos de interligações mantêm-se em nível médio-baixo", sendo que "as exposições das empresas de seguros à dívida soberana nacional e ao setor financeiro diminuíram face ao trimestre anterior".

Registou-se ainda "um aumento na concentração de ativos por grupo económico e por setor de atividade", disse a entidade.

Por fim, "nos riscos específicos de seguros, o ramo Vida registou uma melhoria, passando do nível médio-alto para médio-baixo (tendência descendente)", tendo os ramos não vida mantido uma avaliação de médio-alto.

"Em ambos os segmentos, verificou-se uma evolução positiva da produção em 2024", destacou, ressalvando que, no entanto, nos ramos não vida, "as alterações nas políticas comerciais internacionais poderão vir a afetar as rendibilidades futuras do negócio, devido ao seu potencial impacto nos custos com sinistros".

Leia Também: Custos com sinistros baixam 16,5% em janeiro para 828,7 milhões de euros

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