Neste primeiro dia de reuniões, os onze ministros vão abordar o papel do grupo de países emergentes perante os desafios globais e as crises geopolíticas que se vivem atualmente, como as guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza, explicou em conferência de imprensa o secretário de Assuntos Económicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores, o embaixador Mauricio Carvalho Lyro.
Sem mencionar o nome da Rússia, país que pertence aos BRICS, Mauricio Carvalho Lyro sublinhou existirem países dentro do grupo "direta ou indiretamente" envolvidos em conflitos.
Hoje, no Palácio do Itamaraty no Rio de Janeiro, os responsáveis máximos pela diplomacia dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) também discutirão, entre outros assuntos, a reforma e o fortalecimento dos órgãos que regem a ordem internacional, especialmente o Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Uma reforma "mais inclusiva", com "maior representatividade e mais afetiva", que "precisa de ser atualizada para dar conta dos desafios no mundo", disse o diplomata do Brasil, país que desde a presidência do G20 em 2024 que vê neste tema uma das suas grandes prioridades diplomáticas.
Por isso, os ministros vão "trabalhar por uma governança mais representativa dos países do sul global", enfatizou.
O Brasil, que preside o fórum de cooperação desde 01 de janeiro, tem defendido que a reforma das instituições ajude a fortalecer a posição dos países em desenvolvimento e emergentes, enviando uma mensagem sobre a necessidade de um mundo menos desigual e mais equitativo.
Apesar destes serem os temas oficias de hoje, o principal tema será mesmo a rejeição das tarifas unilaterais impostas pelos Estados Unidos e a defesa do multilateralismo.
A guerra comercial ganhou contornos mais graves após o anuncio do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que iria impor tarifas à China, um dos membros fundadores dos BRICS.
A declaração final da reunião deverá enfatizar o compromisso contra medidas unilaterais e a preservação dos regimes multilaterais como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a reafirmação do compromisso com o Acordo de Paris, um tema caro para o Brasil já que alberga a maior floresta tropical do mundo e que este ano acolhe em novembro a Conferência das Nações Unidas para o Clima (COP30).
O fórum BRICS foi fundado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e inclui agora o Egito, os Emirados Árabes Unidos, a Etiópia, o Irão e a Indonésia, bem como a Arábia Saudita, que foi convidada mas ainda não confirmou a sua adesão.
Além disso, na terça-feira, deverão participar os ministros dos Negócios Estrangeiros dos países parceiros - Bielorrússia, Bolívia, Cuba, Cazaquistão, Malásia, Nigéria, Tailândia Uganda e Uzbequistão.
A reunião ministerial no Rio de Janeiro terminará com a assinatura de um documento, que será depois discutido na cimeira que os chefes de Estado e de Governo dos BRICS realizam a 06 e 07 de julho no Rio de Janeiro.
O Brasil sucedeu à Rússia na presidência dos BRICS, termo criado por um analista da Goldman Sachs sobre economias emergentes, e fundado em 2006 por Brasil, Rússia, Índia e China, juntando-se a África do Sul, em 2011.
O bloco representa mais de 40% da população global e mais de 35% do PIB mundial.
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