"A nível europeu vai haver com certeza uma crise financeira, fundamentalmente porque vamos viver um clima de muita incerteza, de muita volatilidade e isso é o pior que pode acontecer em termos de expectativas de investimento e de criação de emprego. Todos vamos sofrer com esta decisão", afirmou o ex-presidente do Conselho Económico e Social, que foi também ministro do Emprego e da Segurança Social do XI e XII governos, liderados pelo PSD.
Na opinião de Silva Peneda, o referendo que votou a saída do Reino Unido da União Europeia é o resultado de "uma fratura na campanha entre os mais velhos e os mais novos, entre os que têm preocupações económicas e aqueles que têm outro tipo de preocupações".
O responsável considera que com esta decisão "a Inglaterra vai sofrer muito, desde logo porque os agricultores vão deixar de ter apoio da UE, da Política Agrícola Comum, a bolsa hoje já mostrou o que vai acontecer, vai haver retração em termos de crescimento económico, em termos de emprego. Do ponto de vista geral, o Reino Unido vai sofrer bastante com esta saída".
O conselheiro especial do presidente da Comissão Europeia alertou ainda a atenção para "um problema político de fundo", referindo que "a Europa vai com certeza sofrer o chamado efeito dominó, já há países como a Holanda, a Dinamarca e agora, até a Itália a querer pôr a sua permanência em causa".
"Há quem defenda que isto vai voltar ao princípio e, portanto, os países fundadores devem reunir-se, voltar tudo à estaca zero. Vamos atravessar uma grande incerteza, quando não era necessário", acrescentou.
Os eleitores britânicos decidiram que o Reino Unido vai sair da União Europeia (UE), depois de o 'Brexit' ter conquistado 51,9% dos votos no referendo de quinta-feira, cuja taxa de participação foi de 72,2%.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou já a sua demissão com efeitos em outubro.
As principais bolsas europeias abriram hoje em forte queda, com a bolsa de Londres a descer perto dos 8%, mantendo-se ao início da tarde com perdas entre os 4% e os 10%.
Numa primeira reação, os presidentes das instituições europeias (Comissão, Conselho, Parlamento Europeu e da presidência rotativa da UE) defenderam um 'divórcio' o mais rapidamente possível, "por muito doloroso que seja o processo".