Não era a solução que todos queriam, mas será a solução possível e aceite por todas as partes envolvidas na negociação. Diogo Lacerda Machado, os representantes da Associação dos Lesados e Indignados do BES e António Costa apresentaram esta segunda-feira os resultados de longos meses de negociações, que permitiram encontrar um entendimento para reembolsar uma parte significativa das perdas de antigos clientes do BES e do GES.
Lacerda Machado foi quem falou primeiro, deixando no ar a ideia de que mais de metade das perdas seriam recuperáveis. O especialista em direito, figura de mediação no processo, anunciou que no total podem ser recuperados 286 milhões de euros, um valor que fica ainda assim bastante abaixo das melhores expectativas de um grupo de investidores que reclamava mais de 430 milhões de euros ao império Espírito Santo.
"Os lesados disponibilizaram-se para abdicar de grande parte daquilo a que tinham direito", garantiu Diogo Lacerda Machado na conferência de imprensa realizada em São Bento, antes de salientar o "genuíno espírito de colaboração" e "notabilíssimo espírito de diálogo" que marcaram o grupo de trabalho.
Apesar de não serem ainda conhecidos todos os detalhes, tudo indica que a solução proposta passa pela recuperação de 50% a 75% do valor investido, dependendo do crédito reclamado por cada cliente.
Os clientes lesados que aceitem a solução têm garantido que receberão 75% do valor investido, num máximo de 250 mil euros, nas aplicações até 500 mil euros e 50% para as aplicações acima dos 500 mil, valor que será pago até 2019.
Ficam, no entanto, impedidos de processar o Novo Banco, o futuro dono do Novo Banco, Banco de Portugal, CMVM, Fundo de Resolução e Estado português devido às perdas no antigo BES e Grupo Espírito Santo.
[Notícia atualizada às 15h50]