Os níveis de produção da indústria chinesa são quase lendários. O forte investimento no setor secundário e os vastos recursos naturais juntaram-se à quantidade incomum de mão de obra disponível e permitiram manter um ritmo de crescimento que apenas agora começa a ter par na Índia.
Num estudo da Euromonitor International divulgado pelo Financial Times, conclui-se que os elevados níveis de crescimento das últimas três décadas permitiram aumentar os salários médios dos trabalhadores da indústria chinesa, colocando as remunerações em níveis que já ultrapassam o Brasil e o México e "estão quase a apanhar Grécia e Portugal".
Entre 2005 e 2016, o salário médio por hora terá aumentado para cerca de 3,6 dólares (3,4 euros), um valor que fica acima de outras economias vistas como competitivas devido aos baixos salários e acima daquelas que são definidas como "as economias mais fracas da zona euro". Em Portugal, por exemplo, o salário médio na indústria contabilizado no estudo é cerca de 4,23 euros.
A Euromonitor International coloca a séria hipótese dos próximos anos trazerem uma China ainda mais forte e trabalhadores da indústria mais bem pagos, invertendo a tendência histórica na relação com a Europa. Pode então passar a ver-se uma economia portuguesa competitiva graças aos salários baixos, um cenário para o qual se começou a caminhar com a aplicação das reformas durante o programa de ajuda externa da troika.