Terapia com células estaminais melhora sintomas de doença broncopulmonar

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) afeta cerca de 800 mil portugueses. Estima-se que a DPOC seja a terceira principal causa de morte a nível mundial.

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Liliana Lopes Monteiro
10/03/2020 12:00 ‧ 10/03/2020 por Liliana Lopes Monteiro

Lifestyle

Doença broncopulmonar

A terapia celular é, atualmente, considerada uma das possíveis alternativas a adotar para o tratamento da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC). A utilização de células estaminais mesenquimais (MSC) em contexto experimental tem alcançado resultados promissores no tratamento de várias doenças. Estas células podem ser obtidas, por exemplo, a partir de tecido do cordão umbilical, medula óssea e tecido adiposo. Um estudo pioneiro publicado recentemente utilizou células estaminais do cordão umbilical para tratar DPOC.

Os autores do estudo em questão colocaram a hipótese de que as MSC do tecido do cordão umbilical seriam as mais adequadas para controlar a DPOC, por serem mais jovens, com maior potencial proliferativo e com maior capacidade imunomoduladora, comparativamente às MSC da medula óssea e do tecido adiposo.

De forma a testar esta hipótese, conduziram um ensaio clínico com 20 doentes com DPOC de alto risco, com idades compreendidas entre os 40 e os 80 anos, aos quais foram administrados, por via intravenosa, células do tecido do cordão umbilical. Todos os participantes toleraram bem o tratamento, sem efeitos adversos significativos. Seis meses após o tratamento, os doentes tinham melhorado significativamente no que diz respeito à severidade da dispneia (falta de ar), ao número de exacerbações (que passou de uma média de duas para zero) e ao impacto da doença no seu bem‑estar e atividades quotidianas. Segundo os autores, estas melhorias poderão ter-se devido ao efeito anti‑inflamatório das MSC, já documentado noutros estudos. Outro resultado interessante deste estudo foi o facto de os doentes em estado mais grave terem sido os que evidenciaram melhorias mais marcadas após o tratamento.

Segundo Bruna Moreira, Investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal, “os resultados deste estudo indicam que a terapia com células estaminais do tecido do cordão umbilical pode vir a constituir uma importante arma no combate à DPOC, com capacidade para promover melhorias mesmo nos casos mais graves”.

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica caracteriza-se pela obstrução das vias aéreas e surge, geralmente, como consequência de hábitos tabágicos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 65 milhões de pessoas vivem, atualmente, com DPOC moderada a grave. A eficácia das abordagens terapêuticas é limitada, estimando-se que, em 2020, a DPOC venha a ser a terceira principal causa de morte a nível mundial. É, perante este cenário, fundamental reforçar as estratégias preventivas e terapêuticas disponíveis para o combate a esta doença.

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