Em setembro, uma equipa de investigadores da Universidade de Augusta, nos Estados Unidos, apurou que o canabidiol (CBD), componente da canábis ou marijuana, pode contribuir para a redução dos estragos nos pulmões provocados pela Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2.
E agora, um estudo publicado no Journal of Cellular and Molecular Medicine, divulgado pela prestigiada revista Galileu, constatou que a substância leva a um acréscimo dos níveis do pepítdeo apelina, que tem a capacidade de atenuar a incidência de inflamações.
Conforme explica a Galileu, a apelina é produzida por células localizadas em partes distintas do corpo, nomeadamente no coração, pulmão, cérebro, tecido adiposo e sangue -, tendo um papel imprescíndivel no controlo da pressão arterial e da inflamação do organismo.
O peptídeo, de acordo com os investigadores, contribui do mesmo modo para regular os aumentos na inflamação nos pulmões e os consequentes problemas respiratórios que advêm da síndrome de dificuldade respiratória do adulto (SDRA).
"Idealmente, com SDRA, [o nível de apelina] aumentaria em áreas dos pulmões onde é necessário melhorar o fluxo de sangue e oxigénio para compensar e proteger", conta Babak Baban, um dos investigadores.
Porém, no decurso das experiências realizadas em roedores, tal apenas ocorreu quando os bichos receberam canabidiol.
"O CBD quase trouxe [o nível do peptídeo] de volta ao normal", afirma Jack Yu, co-autor do estudo.
Segundo a revista Galileu, a apelina é semelhante à enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2), um elemento fundamental na infecção das células pelo SARS-CoV-2. Além de ambas estarem ativas em determinados tipos de tecidos em comum, operam em parceria para controlar a pressão arterial.
Atualmente, os investigadores continuam a analisar o processo nos seres humanos de forma a perceber se o canabidiol pode de facto ser eficaz e seguro contra os danos causados pelo novo coronavírus.