O chá de ayahuasca é comummente usado para fins terapêuticos e rituais religiosos, como o xamanismo, além de ser popular pela capacidade única de provocar alterações intensas na percepção, emoção e cognição dos seres humanas, segundo refere um artigo publicado na revista Galileu.
Tal ocorre porque a enigmática bebida é feita através da combinação de ervas da Amazónia como o cipó mariri (Banisteriopsis caapi) e a chacrona (Psychotria viridis), que têm na sua composição a substância alucinogénica dimetiltriptamina ou DMT.
Todavia, além de gerar alucinações os cientistas detetaram que o DMT promove a produção de neurónios.
Segundo um estudo realizado por investigadores da Universidade Complutense de Madrid, em Espanha, divulgado na revista científica Translational Psychiatry, o DMT estimula não só a formação de novos neurónios, como também a produção de outras células neurais, nomeadamente astrócitos e oligodendrócitos, fundamentais para o ótimo funcionamento do sistema nervoso.
Adicionalmente, e conforme aponta a Galileu, o estudo, levado a cabo em camundongos, apurou que a estimulação neurológica presente após o tratamento com DMT está associada a uma melhoria na memória e habilidade de aprendizagem.
"Nas doenças neurodegenerativas, é a morte de certos tipos de neurónios que causa os sintomas de patologias como Alzheimer e Parkinson. Embora os humanos tenham a capacidade de gerar novas células neuronais, isso depende de vários fatores e nem sempre é possível", destacam os investigadores espanhóis.
Como tal, e nas palavras de José Ángel Morales, investigador do Departamento de Biologia Celular da Universidade Complutense, "a capacidade da dimetiltriptamina de modular a plasticidade cerebral sugere que ela seja uma substância com grande potencial terapêutico para o tratamento de doenças psiquiátricas e neurológicas, incluindo doenças neurodegenerativas".