Covid-19: Cuidados a ter para controlar a diabetes em casa
"As pessoas com diabetes são consideradas um grupo de pacientes de alto risco para Covid-19, com um risco aumentado de hospitalização e de tratamento intensivo com resultados graves e maior mortalidade", aponta o médico João Guerra - consulta Diabetes do Hospital CUF Torres Vedras -, neste artigo de opinião partilhado com o Lifestyle ao Minuto.
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Lifestyle Médico explica
Tal reflete-se nos dados dos primeiros meses de 2020, que resultam, maioritariamente, de populações de doentes hospitalizados, que mostram que a maioria das pessoas com Covid-19 têm outras doenças associadas, estando a diabetes entre as mais frequentes. Sabe-se, também, que o risco de um resultado fatal da infecção por Covid-19 é 50% mais elevado em pessoas com diabetes, do que naqueles que não têm diabetes.
A preocupação dos diabéticos em manter o melhor controlo possível da doença, deve ser, por isso, encarada como um fator importante na prevenção do contágio e da redução das complicações da infecção.
Para tal, não podem descurar os comportamentos saudáveis, devem fazer a toma regular das medicações e não devem adiar as suas consultas/teleconsultas, para assim garantirem o controlo ideal da glicose no sangue e reduzirem a incidência de complicações.
Mas, caso contraiam a infecção por Covid-19 e que a mesma seja ligeira e sem indicação para internamento, que deve uma pessoa com diabetes fazer?
De acordo com a APDP - Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal, devem os doentes aumentar o número de medições da glicemia e da cetona (se aplicável), sempre que necessário. Mesmo com os valores de glicemia dentro do intervalo desejado, devem:
- Continuar a tomar a sua medicação para a diabetes. O tratamento com insulina nunca deve ser interrompido.
- Fazer a pesquisa da glicemia de 4 em 4 horas. Beber mais líquidos (sem açúcar) - 120 a 180 ml a cada 30 minutos, para evitar a desidratação.
- Tentar comer normalmente.
- Verificar a temperatura diariamente, de manhã e à noite.
Orientações para pessoas com diabetes de tipo 2
Os diabéticos de tipo 2 que só fazem medicação oral, devem avaliar a glicemia como indicado pelo seu médico e a existência dos seguintes sintomas:
- Sede;
- Boca seca;
- Urinar demais.
As glicemias devem ser orientadoras para perceber se necessitam de contactar a sua equipa de saúde. Em caso de febre, pode ser necessário avaliar a glicemia duas vezes ao dia.
Se os valores de glicemia forem superiores a 250 mg/dl e sem febre, ou os sintomas acima referidos:
- Beber 1,5 litros de água numa hora.
Se os valores se mantiverem superiores a 250 mg/dl e sem motivo identificável, contacte o seu médico assistente da diabetes para avaliação da necessidade de ajuste terapêutico.
João Guerra© DR
Os diabéticos de tipo 2 que fazem insulina devem manter os níveis de glicemia dentro do padrão habitual ou, não tendo valores de referência, entre 110 e 180 mg/dl. Se tiverem valores de glicemia superiores a 250mg/dl e sem sintomas de infeção e de espoliação (sede intensa, urinar muitas vezes, ou boca seca), os cuidados a ter em casa são:
- Beber 1,5 litros de água numa hora.
- Se os valores se mantiverem superiores a 250 mg/dl e sem motivo identificável, contacte o seu médico assistente da diabetes para avaliação da necessidade de ajuste terapêutico.
Se fazem Insulina Basal ou lenta:
- Glicemia entre 250-350 mg/dl - aumentar 2 unidades à prescrição do seu médico. Glicemia superior a 350 - aumentar 4 unidades à prescrição do seu médico.
- Se com estas medidas os valores persistirem elevados devem contactar a sua equipa de saúde.
Se fazem esquema com Insulina Rápida ou Ultra rápida:
- 250-300 mg/dl - 2 unidades;
- 300-350 mg/dl - 4 unidades;
Superior a 350 mg/dl - 6 unidades. Ter em atenção a hora em que fez a administração anterior (mínimo de tempo em relação à administração anterior de insulina 3-4h) e retomar o esquema prescrito assim que possível.
Se com estas medidas os valores persistirem elevados deve contactar a sua equipa de saúde. Estamos convictos de que, com uma estrita adesão a estas recomendações específicas da diabetes, associadas às recomendações da Direção Geral de Saúde aplicáveis à população em geral para evitar o contágio, os diabéticos reduzirão significativamente o risco, não só de contraírem a infecção por Covid-19, mas, também, de terem uma evolução menos grave, no caso de virem a desenvolvê-la.
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