Gene que aumenta risco de demência também agrava Covid-19

Investigadores detetaram que a severidade da infeção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, causador da Covid-19, pode estar relacionada com o gene ApoE4, que aumenta igualmente o risco de desenvolvimento de demência.

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Notícias ao Minuto
08/02/2021 09:25 ‧ 08/02/2021 por Notícias ao Minuto

Lifestyle

ApoE4

Cientistas do centro de pesquisa City of Hope, nos Estados Unidos, apuraram que o mesmo gene que potencia a predisposição para sofrer de Alzheimer, o ApoE4, pode aumentar suscetibilidade e gravidade da infeção provocada pelo SARS-CoV-2, divulga um artigo publicado na revista Galileu. 

"O nosso estudo fornece uma ligação causal entre o fator de risco do mal de Alzheimer e a Covid-19 e explica por que alguns (por exemplo, portadores de ApoE4), mas nem todos os pacientes com coronavírus apresentam manifestações neurológicas", afirmou num comunicado Yanhong Shi, diretora da Divisão de Biologia de Células-Tronco da City of Hope e co-autora do estudo.

"Compreender como os fatores de risco para doenças neurodegenerativas afetam a a gravidade da Covid-19 ajudar-nos-à a lidar melhor com a doença e os seus potenciais efeitos a longo prazo em diferentes populações de pacientes", acrescentou. 

De acordo com o estudo publicado na revista Cell Stem Cell, inicialmente, os investigadores pretendiam entender a razão porque algumas pessoas perdem o paladar e o olfato quando infetadas pelo novo coronavírus. Para tal, os cientistas criaram células cerebrais em laboratório a partir de células-tronco pluripotentes, capazes de se transformarem em qualquer outro tipo de célula.

De seguida, os neurónios e astrócitos - células abundantes no sistema nervoso - que haviam sido recentemente formuladas foram infetadas com o SARS-CoV-2, momento em que os cientistas observaram que ambos eram suscetíveis à infeção

Depois, explica a Galileu, os especialistas utilizaram essas células tronco para produzir organoides cerebrais, que consistem em modelos de tecido 3D que imitam determinados traços do cérebro humano. Produziu-se um modelo composto por astrócitos e outro sem essas células. Os investigadores infetaram então os dois tipos de organoides cerebrais com o vírus e detetaram que aqueles com astrócitos aumentavam a infeção pelo novo coronavírus

Por conseguinte, utilizando métodos de edição genética, os cientistas alteraram algumas das células ApoE4 criadas por células-tronco para que contivessem ApoE3, um tipo de gene considerado neutro, para produção de neurónios e astrócitos.

Os dados apurados revelaram uma maior predisposição da ApoE4 à infeção por Sars-CoV-2, comparativamente com os neurónios ApoE3 neutros. 

No fim, os investigadores testaram se a droga antiviral remdesivir impede a infeção pelo novo coronavírus em neurónios e astrócitos. Sendo que o fármaco foi capaz de diminuir com sucesso a carga viral nos astrócitos e prevenir a morte celular. 

Agora os cientistas pretendem continuar a estudar os efeitos do vírus para entender melhor o papel da ApoE4 nas manifestações neurológicas da Covid-19.

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