Uma equipa de cientistas publicou um estudo que sugere que o vírus da Covid-19 afeta diretamente a α-sinucleina, associada ao Parkinson.
Intrigados com o número de relatos de casos de indivíduos jovens que, semanas após serem infetados com o Sars-CoV-2 desenvolveram Parkinson, um grupo de cientistas resolveu investigar se a Covid-19 influencia, ou não, o aparecimento da doença neurodegenerativa. As descobertas, publicadas recentemente no jornal cientifico ACS Chemical Neuroscience, mostram que há interação, em tubos de ensaio, entre a proteína N do coronavírus e a α-sinucleina, proteína neuronal que acelera a formação das fibras de amiloide, frequentemente associadas ao Parkinson.
Durante o estudo, foram feitos testes com as proteínas spike (S) e do nucleocapsídeo (N), responsáveis pela entrada do Sars-CoV-2 nas células e por encapsular o RNA do vírus, respetivamnete. Identificadas por uma sonda fluorescente, as fibras de amiloide demoraram mais de 240 horas para se formarem na ausência das proteínas do coronavírus. Mas, perante a presença da proteína N, a α-sinucleína demorou menos de 24 horas para se agregar em fibrilas, enquanto a proteína S não teve efeito.
Recorde-se que, após testar positivo para a Covid-19, um homem de 45 anos começou a apresentar sintomas relacionados à doença de Parkinson, segundo médicos do Hospital Universitário Samson Assuta Ashdod, em Israel. Num estudo publicado na edição de outubro do The Lancet Neurology, os profissionais da saúde explicam que outros vírus já foram associados ao desenvolvimento da patologia, mas nunca o Sars-CoV-2.
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