A Nestlé acaba de anunciar a retirada das marcas da Rússia, depois de ter sido alvo de um ataque informático orquestrado pelo grupo Anonymous, que obteve acesso a uma base de dados da marca suíça. A recusa por parte da multinacional em suspender as operações na Rússia, em resposta à invasão da Ucrânia, esteve na origem do ataque.
"Estamos do lado do povo da Ucrânia e dos nossos 5.800 funcionários naquele país", disse a Nestlé, citada pela Reuters. A multinacional irá retirar do país marcas como KitKat e Nesquik. Contudo, sublinha que continuará a pagar os ordenados aos funcionários russos.
Os hackers do grupo Anonymous, recorde-se, terão disponibilizado publicamente mais de 10 gigabytes em documentos confidenciais da Nestlé. "O coletivo Anonymous revelou a base de dados da maior empresa alimentar do mundo, Nestlé. Foram expostos 10GB de dados com emails, palavras-passe, clientes empresariais da Nestlé, etc.", escreveram na rede social Twitter.
JUST IN: The #Anonymous collective has leaked the database of the largest food company in the world, Nestlé. Leaked 10GB data of emails, passwords, Nestlé business costumers, etc. #OpRussia #boycottnestle #PullOutOfRussia pic.twitter.com/rvVkn0ygxj
— Anonymous TV 🇺🇦 (@YourAnonTV) March 22, 2022
Os piratas informáticos colocaram-se do lado da Ucrânia após o início da invasão russa, no dia 24 de fevereiro, e lançaram esta terça-feira um aviso às empresas ocidentais que mantêm atividade na Rússia. Estas empresas têm, agora, menos de 48 horas para se retirarem ou serão os próximos alvos dos ciberataques do grupo Anonymous.
A decisão da Nestlé surge dias depois do presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy ter criticado a presença da multinacional na Rússia. A Nestlé, por sua vez, havia anunciado a suspensão da entrega de certos produtos à Rússia, com exceção dos alimentos para bebé, cereais e rações para animais. Garantiu também que não estaria a lucrar com a presença em território russo.
A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 953 mortos e 1.557 feridos entre a população civil, incluindo mais de 180 crianças, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,53 milhões para os países vizinhos, segundo os dados mais recentes da ONU.
Cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia, indica o organismo. A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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[Notícia atualizada às 12h20]