Doenças cardiovasculares. Queixas de mulheres são "menos valorizadas"

A propósito do Dia Mundial do Coração, que se assinala esta quinta-feira, 29 de setembro, Joana Duarte Rodrigues, cardiologista no Centro Hospitalar Universitário de São João, EPE e Hospital Privado da Boa Nova, afirma que estas patologias nas mulheres estão subdiagnosticadas e subcomunicadas.

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Notícias ao Minuto
29/09/2022 06:00 ‧ 29/09/2022 por Notícias ao Minuto

Lifestyle

Artigo de opinião

No dia 29 de setembro celebra-se o Dia Mundial do Coração, mas, para mim, enquanto cardiologista, todos os dias são dias para se celebrar o coração porque a vida começa e termina com os seus batimentos. As doenças do coração e vasos, ou seja, as doenças cardiovasculares, são a principal causa de morte em todo mundo, e Portugal não é exceção.

O enfarte agudo do miocárdio e a doença cerebrovascular são as principais causas de morbilidade e morte prematura tanto nos homens como nas mulheres. Todavia, o foco de saúde da mulher tende a ser o sistema reprodutor, sobretudo durante a sua idade fértil, ficando outras doenças, entre elas as cardiovasculares, por diagnosticar e, por conseguinte, por tratar. Nesse sentido, é importante que se olhe para os problemas cardíacos nas mulheres através de uma nova lente.

Notícias ao Minuto Joana Duarte Rodrigues© DR

São muitos os fatores que aumentam o risco de doença cardiovascular, nomeadamente colesterol alto (principalmente o LDL), a diabetes, o tabagismo, a hipertensão arterial, a obesidade e o sedentarismo. Vários destes fatores constituem uma verdadeira pandemia da nossa Era e tendem a aparecer em idades cada vez mais jovens.

Leia Também: As mulheres sofrem mais do coração que os homens. E estas são as razões

A doença subjacente à maioria destes problemas de saúde é a aterosclerose, que designa uma acumulação progressiva de gordura na parede das artérias ao longo do tempo. A aterosclerose é silenciosa durante vários anos o que faz com que as pessoas não procurem qualquer nível de cuidados de saúde até ao dia em que têm um evento agudo (como um enfarte ou um AVC).

Contudo, se recuarmos na história natural desta doença, percebe-se que alguns, senão mesmo a maioria dos eventos, poderiam ter sido evitados, se atuássemos mais preventivamente e não apenas reativamente. Nesta perspetiva, torna-se imprescindível instituir programas de rastreio de doenças cardiovasculares, à semelhança do que já acontece com algumas doenças oncológicas, mas aplicado ao aparelho cardiovascular com recurso a análises e exames de imagem cujo objetivo é documentar a doença em estadios subclínicos  (por exemplo: eco doppler das carótidas, dos membros inferiores, TAC das coronárias, etcétera), iniciar terapêutica preventiva e, desta forma, tentar reduzir o impacto negativo da doença cardiovascular na saúde.

É importante alertar todos, mas principalmente as mulheres, porque é nestas onde as queixas tendem a ser menos valorizadas.

*Artigo de opinião assinado por Joana Duarte Rodrigues, cardiologista no Centro Hospitalar Universitário de São João, EPE e Hospital Privado da Boa Nova

Leia Também: Doenças cardiovasculares: Três conselhos que deve levar muito a peito

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