A dermatite atópica começa por manifestar-se na infância, mas pode prolongar-se para a idade adulta. Consiste numa doença inflamatória crónica de pele, com erupções avermelhadas e algumas lesões.
O Dia Mundial da Dermatite Atópica assinala-se este sábado, 14 de setembro. Ainda existem alguns mitos sobre a doença que importa esclarecer. O Lifestyle ao Minuto falou com a dermatologista Rita Travassos, da Clínica Universitária de Dermatologia, do ULS Santa Maria, e do Centro de Dermatologia, Hospital CUF Descobertas, para esclarecer algumas das questões sobre esta patologia.
Será que é contagiosa? Apenas se manifesta em crianças? E, afinal, é ou não hereditária? A especialista desmistifica tudo. Em Portugal, a dermatite atópica afeta cerca de 360 mil pessoas. Desses, 70 mil apresentam uma forma moderada a grave.
Conheça os mitos e as respetivas explicações da dermatologista.
Rita Travassos, dermatologista© Clínica Universitária de Dermatologia, ULS Santa Maria
A dermatite atópica é contagiosa? Mito
“É uma doença inflamatória, com uma predisposição genética, caracterizando-se por vermelhidão, descamação e prurido, não sendo transmissível por contacto interpessoal. É mais frequente em famílias com história de atopia, ou seja, com asma, rinite alérgica, dermatite atópica e ou alergias alimentares.”
Leia Também: As diferenças entre uma pele hidratada e desidratada
Apenas as crianças sofrem desta patologia? Mito
“A dermatite atópica pode manifestar-se também na idade adulta, e em alguns casos de forma particularmente grave. Contudo, é mais frequente na infância, variando a prevalência entre 2,7% e 20,1%. Além disso, em 20 a 50% das crianças a doença persiste na idade adulta. O curso natural da doença é bastante heterogéneo e as trajetórias individuais imprevisíveis, sendo a prevalência na idade adulta entre 2,1% a 4,9%.”
A dermatite apótica não é hereditária? Mito
“A dermatite atópica tem uma forte componente hereditária. Pessoas com histórico familiar de doenças atópicas, como asma, rinite alérgica e dermatite atópica, têm uma probabilidade maior de desenvolver a doença. Se um dos pais tem dermatite atópica ou outra doença atópica, o risco de a criança desenvolver esta condição aumenta. Se ambos os pais forem afetados, o risco é ainda maior. Pode também resultar numa combinação de outros fatores.”
É uma doença crónica, por isso, não existe forma de controlar os sintomas? Mito, mas com alguma verdade
“É uma doença crónica. Isso significa que pode persistir por longos períodos e, embora os sintomas possam melhorar ou desaparecer em determinados momentos, a condição tende a retornar ao longo da vida. A gravidade e a frequência das crises variam de pessoa para pessoa. Em algumas pessoas, os sintomas podem desaparecer completamente com o tempo, especialmente durante a adolescência, enquanto noutras, a dermatite atópica pode persistir na idade adulta ou até surgir pela primeira vez nessa fase. Contudo, mesmo sendo crónica, é possível controlar os sintomas. O controlo dos sintomas envolve uma combinação de medidas para reduzir a inflamação, aliviar o prurido e prevenir novas crises. É o caso de evitar banhos longos ou o uso de roupas irritantes."
Os sintomas melhoram com o passar do tempo sem qualquer tratamento? Mito, mas com alguma verdade
"Os sintomas da dermatite atópica podem melhorar com o tempo, especialmente na infância, e há situações em que as crises diminuem ou desaparecem espontaneamente durante a adolescência ou fase adulta. No entanto, isso não ocorre em todos os casos, e muitas pessoas que vivem com dermatite atópica continuam a ter sintomas ao longo da vida, ainda que em intensidades variáveis. Para a maioria das pessoas, o tratamento é necessário para controlar os sintomas e prevenir crises. Sem tratamento adequado, a dermatite atópica pode persistir ou até piorar, causando desconforto e complicações, como infeções cutâneas devido ao ato de coçar."
Leia Também: Para prevenir o envelhecimento da pele, aposte nestes cinco alimentos