Lignina. Resíduo vegetal sustentável com potencial na área da cosmética?

Estão a ser conduzidos vários estudos com este objetivo.

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Lusa
06/01/2025 13:01 ‧ ontem por Lusa

Lifestyle

Cosmética

Uma investigadora do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) está a conduzir estudos com o objetivo de aplicar resíduo da indústria do papel como ingrediente multifuncional na área cosmética.

 

Chama-se Giovana Colucci, tem 27 anos e é aluna de doutoramento em Engenharia Química. Tem vindo a explorar a lignina, de origem vegetal, em produtos de beleza inovadores e sustentáveis, sejam cremes hidratantes, séruns antioxidantes ou protetores solares. "A lignina é um composto inicialmente presente nas plantas e nas árvores e é o que lhes dá suporte ao crescimento. Entretanto, quando a madeira é processada nas indústrias de papel ou biorrefinarias, essa lignina é rejeitada, como um resíduo", começou por explicar à Lusa Giovana.

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Por norma, a lignina é incinerada, para gerar energia, ou descartada. Durante os estudos de doutoramento, Giovana percebeu que há potencial de aplicação na área da cosmética. "Porque a lignina possui propriedades antioxidantes e de potenciar uma proteção solar. Por isso, pode ser utilizada como ingrediente multifuncional", disse Giovana.

Em laboratório, Giovana usou radicais oxidantes - associados ao envelhecimento - e testou a capacidade da lignina para os capturar, em comparação com um produto sintético usado habitualmente na cosmética para o mesmo fim. "Tem um valor exatamente similar, da mesma gama de poder antioxidante", revelou a aluna do IPB.

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Agora, as pesquisas estão voltadas para verificar se a lignina é capaz de aumentar o índice de proteção solar. "Em conjunto com alguns filtros solares, tenho visto, na literatura académica, que a lignina tem esse poder, de aumentar enormemente o fator de proteção solar. Por exemplo, de 20 para 50, ou de 50 para 80. Isso é interessante porque conseguimos reduzir ou eliminar os ingredientes sintéticos", partilhou Giovana.

Além disso, a lignina ainda é capaz de substituir outros sintéticos amplamente usados nos cosméticos, que têm como função juntar água a óleos, para combinarem em produtos homogéneos.

Giovana alertou que muitos dos ingrediente utilizados atualmente na cosmética contêm derivados fósseis, vindos do petróleo.  "Sabemos que, um dia, essa fonte irá acabar. Então, precisamos de encontrar substitutos sustentáveis, para que consigamos transitar para uma economia circular. Não é só nas áreas das energias e no setor automóvel. A área da cosmética tem de transitar também", considerou a investigadora. 

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A estudante contou que, noutros países, a lignina tem vindo a suscitar interesse nestes últimos anos na comunidade académica. Algumas aplicações já saltaram do papel para o mundo real, como o emprego em pavimentação de estradas ou para a produção de plásticos. 

A investigação de Giovana já lhe valeu um prémio monetário de cinco mil euros, que terá como fim continuar os estudos e patentear aquela que espera que venha a ser a primeira marca de cosméticos com a lignina como ingrediente. "São precisos investidores que acreditem também nesse projeto, assim como eu, de construir produtos mais sustentáveis, tanto para o meio ambiente como para a saúde", apelou a jovem.

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