"O processo que Afonso Dhlakama iniciou com o atual Presidente de Moçambique e da Frelimo, Filipe Nyusi, está suficientemente consolidado para que o machado de guerra seja enterrado de vez", considerou hoje, em declarações à Lusa, o especialista em estudos africanos do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE-IUL, coordenador de estudos estratégicos da organização não-governamental Instituto Marquês de Valle Flôr e diretor-executivo do Clube de Lisboa.
O professor recordou que "está tudo acertado para a integração definitiva dos últimos homens do Dhlakama em serviços públicos e nas forças de defesa e de segurança, e a modificação das leis eleitorais também está acordada".
"Julgo que não vai haver um voltar atrás relativamente a isto", sustentou, assinalando que isso não interessaria "aos membros, principalmente à parte civil, da Renamo", nem ao Governo moçambicano, "que está dependente deste sinal importante para conseguir uma maior boa-vontade dos credores internacionais, que estão à perna com as consequências da dívida escondida moçambicana".
Fernando Jorge Cardoso admite um "ligeiro atraso" neste processo, que não ficará contudo em causa.
Cenário diferente para o partido de Dhlakama, Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), que sofre "um revés muito grande" com a morte do seu "chefe incontestado".
"Não nos vem à cabeça um segundo nome. Não havia um vice, um sucessor natural", considerou.
A sucessão de Dhlakama "vai ter de ser decidido no interior do partido", mas "vai demorar algum tempo" para que uma nova liderança se consiga afirmar, avisou Fernando Jorge Cardoso, que admitiu que a Renamo tenha resultados eleitorais fragilizados nas próximas eleições municipais, este ano, mas principalmente nas gerais, em 2019.
O líder da oposição em Moçambique, Afonso Dhlakama, morreu hoje devido a problemas de saúde, disse à Lusa fonte partidária.
O presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) morreu pelas 08:00 (menos uma hora em Lisboa) na Serra da Gorongosa, centro de Moçambique, devido a problemas de saúde.
O corpo deverá ser transferido na sexta-feira para o Hospital Central da Beira, acrescentou a mesma fonte.
Afonso Dhlakama, 65 anos, vivia refugiado na serra da Gorongosa, no centro do país, desde 2016, como havia feito noutras ocasiões, quando se reacendiam os confrontos entre a Renamo e as forças de defesa e segurança de Moçambique.