"Considero ser apropriado abandonar as minhas responsabilidades e combater as falsas acusações contra mim", anunciou M.J. Akbar, um jornalista veterano que se tornou em 2016 um ministro de segunda linha do Ministério dos Negócios Estrangeiros (ministro de Estado para as Relações Exteriores) do governo liderado pelo primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
Através de testemunhos divulgados nas redes sociais ou na imprensa, várias mulheres acusaram, na semana passada, M.J. Akbar, de 67 anos, de má conduta sexual quando este ocupava cargos de responsabilidade no setor da comunicação social.
Em reação às denúncias, M.J. Akbar anunciou no último fim de semana que ia avançar com um processo de difamação contra a mulher que lançou as primeiras acusações, a jornalista Priya Ramani.
Vários membros da indústria cinematográfica indiana, conhecida a nível internacional como 'Bollywood', e do setor dos 'media' indianos têm sido acusados publicamente nos últimos dias de comportamentos inadequados em relação às mulheres.
A vaga de denúncias, associada ao movimento '#Me Too' (contra o assédio e o abuso sexual de mulheres) iniciado há mais de um ano nos Estados Unidos, tem abrangido diretores, comediantes ou jornalistas.
As denúncias estão a ter repercussões na sociedade indiana, fortemente patriarcal, e desencadearam várias demissões e investigações internas na Índia desde o início do mês de outubro.
Priya Ramani foi a primeira mulher a denunciar publicamente M.J. Akbar.
Numa mensagem publicada na rede social Twitter, a jornalista revelou que M.J. Akbar era o editor-chefe que ela tinha descrito num artigo publicado no ano passado, que relatava uma entrevista de trabalho que tinha decorrido num quarto de um hotel em Mumbai e a conduta inadequada do responsável durante a ocasião.
Quando publicou o artigo, Priya Ramani não revelou a identidade do responsável mencionado no texto.
Depois de Priya Ramani, várias outras jornalistas utilizaram também o Twitter para denunciar experiências similares com M.J. Akbar, que antes de ingressar na política ocupou altos cargos em títulos de prestígio como The Telegraph, Asian Age e The Sunday Guardian.