"Face a esta crise, precisamos de acelerar a baixa nos impostos, mas para isso precisamos acelerar a baixa nos gastos públicos e estamos determinados a embarcar nesse caminho", disse o ministro após uma reunião, em Bercy, com representantes de organizações profissionais.
"Menos gastos públicos, menos impostos e quanto mais cedo melhor, porque medimos pelo padrão dessa crise social, democrática, a impaciência de milhões de franceses", sublinhou.
Segundo Le Maire, o movimento dos "coletes amarelos" é o resultado de uma "crise democrática" com "raízes profundas".
"Esta crise é antes de mais o resultado de desavenças territoriais que têm vindo a piorar há anos", por causa de "escolhas económicas" que "por três décadas não nos permitiram desenvolver empregos para todos", "corrigir os nossos problemas", "reorientar a nossa indústria" e "nos engajar no caminho de uma economia livre de carbono", acrescentou o ministro.
Segundo Bruno Le Maire, "pagamos hoje essas escolhas, pagamos a um preço alto".
"É seguindo estas raízes que poderemos encontrar respostas adequadas", prosseguiu o ministro, descrevendo "uma dinâmica implacável e devastadora para a França".
O fim de semana ficou marcado em França por violentos protestos do movimento dos "coletes amarelos", sobretudo por desacatos em Paris e por atos de vandalismo no Arco do Triunfo.
O monumento, que é símbolo emblemático de Paris e da própria França, foi pintado, o seu museu saqueado e uma estátua partida, à margem dos protestos.
Os últimos dados sobre sábado indicam que 136 mil pessoas se juntaram à mobilização dos "coletes amarelos" e que houve 263 feridos.
Durante a noite, um condutor morreu em Arles (sudeste de França)) depois de embater num veículo pesado numa fila de trânsito provocada por uma coluna de 'coletes amarelos'.
Este acidente aumentou para três o número de mortes relacionadas com os protestos iniciados há três semanas por pessoas que envergam coletes amarelos florescentes.
O porta-voz do governo, Benjamin Griveaux, não quis adiantar hoje de manhã qualquer informação sobre se o governo vai ceder ao que desde o início foi a primeira reivindicação dos coletes amarelos': anular o aumento de impostos sobre os combustíveis (gasolina e especialmente diesel), agendado para 01 de janeiro.
"Não tomamos as decisões antes" das reuniões com os representantes desse movimento e das partes, já que "vamos recebê-las para conversar", disse Griveaux hoje de manhã, em entrevista à emissora "France Inter".
O primeiro-ministro francês, Édouard Philippe, iniciou hoje uma ronda de reuniões para receber os chefes dos partidos políticos e procurar uma saída para a crise dos "coletes amarelos".
O movimento de "coletes amarelos" nasceu espontaneamente num sinal de protesto contra a taxação de combustíveis em França.
As ações de contestação estão a causar grande embaraço ao Governo francês, tendo corrido mundo as imagens dos violentos confrontos entre manifestantes vestindo coletes amarelos e a polícia, no sábado, na emblemática avenida dos Campos Elíseos, em Paris.
As reivindicações dos coletes amarelos não mudaram, mesmo depois do Presidente Emmanuel Macron se ter dirigido à nação na passada terça-feira.
A grande carga de impostos, perda do poder de compra e desilusão geral com o Governo são as queixas mais comuns entre quem está a manifestar nas ruas do país.