Cerca de 59,2 milhões de eleitores são chamados a escolher os 630 deputados do Bundestag (câmara baixa do parlamento alemão), numas eleições que foram antecipadas em sete meses após o colapso da coligação liderada pelo chanceler Olaf Scholz (Partido Social-Democrata, SPD), com os Verdes e os liberais do FDP, por falta de acordo quanto ao orçamento.
As sondagens dão a vitória, com cerca de 30%, à União Democrata-Cristã (CDU), que concorre com a sua congénere bávara CSU, candidatando o líder conservador Friedrich Merz a chanceler.
Em segundo lugar, a Alternativa para a Alemanha (AfD, extrema-direita) deverá tornar-se a principal força da oposição, se se confirmar a subida da sua votação para cerca de 20% - algumas sondagens apontam mesmo para 25% - o dobro de 2021.
O SPD de Scholz e os Verdes, que candidatam o atual vice-chanceler e ministro da Economia, Robert Habeck, disputam o terceiro lugar, com intenções de voto entre os 14% e os 16%.
A votação dos partidos mais pequenos será determinante para os resultados dos principais partidos e para a formação de coligações governamentais.
A Esquerda deverá continuar no parlamento, com as sondagens a atribuírem-lhe agora 9%, uma subida em relação aos 5% a 6% das últimas semanas.
Já o partido liberal FPD luta pela sua sobrevivência, não ultrapassando os 4% das intenções de voto, quando é necessário um mínimo de 5% para entrar no Bundestag.
A Aliança Sahra Wagenknecht (BSW), criada há um ano como dissidência de A Esquerda, também não tem entrada garantida no parlamento, com as sondagens a rondar os 5%. O partido populista de esquerda, centrado na figura de Sahra Wagenknecht, surpreendeu nas eleições regionais do ano passado, conseguindo integrar coligações nos governos da Turíngia e Brandeburgo.
O cenário mais provável para coligações governamentais será a reedição do modelo CDU/SPD, em governos da antiga chanceler conservadora Angela Merkel, mas os Verdes ou o FPD -- se for eleito -- também podem entrar na equação.
Nas últimas eleições para o Bundestag, em setembro de 2021, o SPD teve 25,7% dos votos, seguido da União (24,2%), Verdes (14,7%), FDP (11,4%), AfD (10,4%) e A Esquerda (4,9%).
A campanha foi marcada pelo debate sobre a imigração ilegal, com todos os partidos a defender o reforço do controlo, após ataques de requerentes de asilo, o último a dez dias das eleições, quando um refugiado afegão dirigiu um carro contra uma multidão em Munique (sul), matando uma criança e a mãe e ferindo quase 40 pessoas.
Em janeiro, um ataque de um outro refugiado afegão, que matou uma criança e um homem à facada em Aschaffenburg (sul), levou Merz a apresentar ao parlamento propostas não vinculativas para endurecer a imigração, incluindo o encerramento de fronteiras a requerentes de asilo, que foram aprovadas pela AfD.
Este passo do candidato democrata-cristão foi fortemente criticado pelos adversários, que acusaram Merz de romper o chamado 'cordão sanitário' contra a extrema-direita, e milhares de pessoas saíram às ruas para condenar a aproximação CDU/AfD.
Friedrich Merz insistiu, desde então, que não formará governo com a extrema-direita, posição assumida também pelo SPD e Verdes.
As eleições decorrem num contexto de crise económica, após dois anos de recessão, com as exportações, principal motor da maior economia da Europa, altamente penalizadas pela concorrência chinesa e ameaçadas pelas tarifas anunciadas pela nova administração norte-americana, desde a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.
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