"Preocupam-me as informações que dão conta de uso excessivo da força, incluindo com munições reais, por parte das forças de segurança do Sudão durante as manifestações realizadas em várias partes do país", afirmou, em comunicado, Michelle Bachelet.
Para a responsável das Nações Unidas para os direitos humanos, o Governo deve "garantir que as forças de segurança respondem a estes protestos em linha com as obrigações do país em matéria de direitos humanos, facilitando e protegendo o direito à manifestação pacífica".
Bachelet considerou ainda que o regime de Al Bashir, no poder desde 1989, deve "assegurar que aqueles que foram detidos arbitrariamente por exercer o direito de livre manifestação e expressão sejam postos em liberdade".
A alta comissária sublinhou que a repressão dos protestos "só pode piorar o descontentamento" e manifestou a disponibilidade da sua agência para enviar uma equipa ao Sudão para assessorar as autoridades em matéria de respeito pelos direitos humanos.
Pelo menos 24 pessoas morreram durante os protestos na capital, Cartum, e em outras cidades do país, segundo dados do Governo sudanês, embora outras fontes apontem para o dobro de vítimas mortais.
Mais de 800 pessoas foram detidas durante os protestos, incluindo jornalistas, ativistas de direitos humanos e representantes da sociedade civil.
Os protestos começaram a 19 de dezembro e tiverem como base a escassez e o aumento dos preços dos produtos de primeira necessidade, como pão e medicamentos, mas evoluíram para um movimento popular contra o Governo.