"Houve 13 mortos, entre os quais um padre e um polícia. Fizemos uma deslocação ao local, que confirmou este balanço", declarou à agência noticiosa uma fonte da ONU, confirmando uma informação de uma fonte próxima da comunidade peul local.
"Houve violência criada pelos Fulanis (Peuls) armados", indicou o porta-voz da missão da ONU no país (MINUSCA, na sigla em Inglês), Vladimir Monteiro, acrescentando que uma patrulha da MINUSCA e das forças de segurança interna (FSI, na sigla em Francês) tinha sido deslocada para o local.
As 13 pessoas foram mortas na localidade de Zaoro Sangou por Peuls armados, alegados membros do grupo miliciano 3R (Regresso, Reclamação, Reconciliação), segundo a fonte da ONU.
Este grupo armado, dirigido por um certo Sidiki, que alega pretende proteger os Peuls, estabeleceu-se nesta parte do país, desde a sua criação no final de 2015.
"Foram os elementos de Sidiki que dispararam sobre as pessoas", afirmou na terça-feira um habitante da localidade à rádio centro-africano Ndeke Luka.
Esta nova vaga de violência ocorre quando se preparam negociações de paz, na quinta-feira, em Cartum, entre o governo de Bangui e os grupos armados que operam na RCA.
Sidiki e representantes do grupo 3R saíram na manhã de terça-feira de Bangui para a capital do Sudão para participarem nas negociações.
Estas negociações, que se devem prolongar por várias semanas, devem trazer a estabilidade ao país, apesar de nos últimos cinco anos terem sido assinados sete acordos de paz.
A RCA caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por vários grupos juntos na designada Séléka (que significa coligação na língua franca local), o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.
O conflito neste país, com o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados, e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.
O Governo do Presidente, Faustin-Archange Touadéra, um antigo primeiro-ministro que venceu as presidenciais de 2016, controla cerca de um quinto do território.
O resto é dividido por 18 milícias que, na sua maioria, procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.
Portugal participa na Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA), desde o início de 2017, com uma companhia de tropas especiais, a operar como Força de Reação Rápida.
A MINUSCA é comandada pelo tenente-general senegalês Balla Keita, que já classificou as forças portuguesas como os seus 'Ronaldos'.
Portugal tem 230 militares empenhados em missões na RCA, dos quais 180 na MINUSCA - uma companhia de paraquedistas e elementos de ligação - e 50 na Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana (EUMT-RCA).
O 2.º comandante da MINUSCA é o general português Marco Serronha, enquanto o comandante da EUMT-RCA é o brigadeiro-general Hermínio Teodoro Maio.