Uma embarcação da organização não-governamental (ONG) espanhola Open Arms, com 121 migrantes a bordo, está há cerca de uma semana no Mediterrâneo central à espera dessa indicação para atracar, tendo pedido, na quinta-feira, ajuda formal a Espanha, França e Alemanha.
Falando sobre este caso na conferência de imprensa diária do executivo comunitário, em Bruxelas, a porta-voz da Comissão Europeia Annika Breidthardt apontou que a instituição já "contactou os Estados-membros e pediu-lhes para mostrarem solidariedade e contribuírem para encontrar uma solução para as pessoas a bordo".
Realçando que "a Comissão não tem competência para coordenar essas operações de salvamento ou para dar indicações de locais de desembarque", a responsável vincou, ainda assim, que o executivo comunitário "está preparado para apoiar um acordo temporário, em termos financeiros e operacionais", para os migrantes a bordo da embarcação da Open Arms.
O navio está ao largo da ilha italiana de Lampedusa e foi impedido de atracar nos portos de Itália e Malta.
Apesar do pedido que já foi pela ONG a Espanha, França e Alemanha, a Comissão Europeia "ainda não iniciou qualquer atividade coordenação [entre os Estados-membros] porque não chegou nenhum pedido para tal", referiu Annika Breidthardt.
"A situação em causa mostra, mais uma vez, o quão urgentes e necessárias são soluções pensadas e estáveis para o Mediterrâneo, facto para o qual a Comissão tem tentado sensibilizar os Estados-membros", acrescentou a porta-voz.
Foi também com o objetivo de sensibilizar a Comissão Europeia que, na quinta-feira, o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, escreveu uma carta ao líder do executivo comunitário, Jean-Claude Juncker, pedindo uma "distribuição justa de migrantes" na União Europeia (UE) devido aos "desacordos" verificados entre os Estados-membros baseados em decisões com "fins políticos".
Falando sobre a situação da embarcação da Open Arms, David Sassoli lamentou que, até agora, "não haja indicação [de Bruxelas] de que será dada assistência" a estes migrantes.
"Se a UE se mantiver indiferente ao seu destino, estará a acumular sofrimento atrás de sofrimento, e tenho a certeza de que não é isso que os guardiões dos tratados europeus consideram correto", realçou.
Annika Breidthardt apontou que o apelo feito por Bruxelas aos Estados-membros não teve por base a missiva de David Sassoli, à qual a Comissão Europeia dará uma resposta "nos próximos dias".
"Em cada situação, a Comissão dá o seu melhor para ajudar a encontrar uma solução e é isso que vamos continuar a fazer", adiantou a porta-voz, lembrando, ainda assim, que "para encontrar uma solução, é necessária vontade dos Estados-membros para cooperar nesses esforços de solidariedade".