O presidente norte-americano, num discurso onde culpou as autoridades públicas da Califórnia pelo aumento do número de pessoas sem-abrigo nas ruas daquele Estado, falou sobre a indigência como um obstáculo ao "prestígio" das propriedades em grandes cidades, onde pessoas pagam "impostos tremendos".
"Não podemos deixar que Los Angeles, São Francisco e várias outras cidades se autodestruam por permitir o que se está a passar. E estou a falar para os inquilinos - em alguns casos pessoas estrangeiras, inquilinos estrangeiros -, são inquilinos em edifícios em várias cidades da Califórnia, e noutros sítios... e querem sair do país. Não acreditam no que está a acontecer", afirmou.
Donald Trump fez estas afirmações na terça-feira, durante uma visita à Califórnia, onde falou sobre os sem-abrigo, indicando que planeia reunir-se com o secretário de Estado para a Habitação e Desenvolvimento Urbano, Ben Carson, para criar, possivelmente, um grupo de trabalho dedicado ao tema.
"Estamos a olhar para este problema com muita seriedade. Já falei com o secretário Carson no que diz respeito à questão da habitação. Mas nós temos pessoas a viver nas nossas... melhores autoestradas, nas nossas melhores ruas, nas nossas melhores entradas de edifícios, e as pessoas que lá vivem pagam impostos tremendos, foram para essas localizações por causa do prestígio", disse o presidente dos Estados Unidos, citado pela ABC.
"Em muitos casos, [os inquilinos] chegam de outros países e mudaram-se para Los Angeles ou mudaram-se para São Francisco por causa do prestígio da cidade, e de repente estão ali tendas. Centenas e centenas de tendas e pessoas a viver na entrada do edifício onde trabalham. E querem ir embora. As pessoas de São Francisco estão fartas, as pessoas de Los Angeles estão fartas. E nós estamos atentos, e vamos tomar alguma medida", acrescentou.
Este posicionamento em relação à questão dos sem-abrigo já foi antes assumido pelo líder republicano. O Guardian reportou, na quarta-feira, que as afirmações foram feita pouco depois da Casa Branca ter anunciado que vai explorar a possibilidade de usar a polícia para retirar as pessoas das ruas.
De acordo com a publicação britânica, um novo relatório de um conselho do presidente (Council of Economic Advisers) escreve que "o policiamento pode ser uma importante ferramenta para ajudar a tirar as pessoas das ruas e colocá-las em abrigos ou habitações, onde possam receber os serviços de que precisam".