Plácido Domingo demitiu-se, esta quarta-feira, das suas funções de diretor da Ópera de Los Angeles, nos Estados Unidos da América.
A decisão foi tornada pública pelo tenor de 78 anos num comunicado enviado ao jornal The Times.
"As recentes acusações que me foram feitas na imprensa criaram uma atmosfera na qual a minha habilidade para servir esta academia, que eu tanto amo, foi comprometida", lê-se na nota divulgada.
Plácido Domingo diz ainda que vai "continuar a limpar" o seu nome das acusações de assédio sexual que lhe foram feitas, mas garante que a decisão de abandonar a direção da Ópera foi tomada com o "coração pesado".
Recorde-se que a Ópera de Los Angeles anunciou em agosto a abertura de uma investigação na sequência de denúncias, de oito cantoras e de uma bailarina, de assédio sexual por parte do tenor espanhol, em situações ocorridas ao longo de mais de três décadas.
A Ópera anunciou então que iria contratar uma equipa legal externa para investigar as "preocupantes alegações" contra o tenor.
A Associated Press publicou no mês passado uma longa investigação, com quase 50 pessoas entrevistadas a confirmarem comportamentos impróprios por parte de Plácido Domingo.
Desde a publicação da investigação, a Orquestra de Filadélfia e a Ópera de São Francisco anunciaram os cancelamentos das atuações programadas do tenor, enquanto o Festival de Salzburgo, na Áustria, decidiu manter os concertos previstos, tendo a presidente do evento, Helga Rabl-Stadler, sublinhado o "tratamento apreciativo [de Domingo] para com todos os funcionários do festival".
Seis outras mulheres relataram à AP avanços que lhes causaram desconforto, em particular uma cantora que Plácido Domingo repetidamente convidou para sair, depois de a ter contratado para uma série de concertos na década de 1990.
Adicionalmente, quase 30 outras pessoas ligadas à indústria musical, desde cantoras a músicos de orquestra, passando por professores de canto e administradores, confirmaram ter testemunhado comportamentos impróprios de índole sexual por parte do cantor espanhol.
Das nove pessoas que acusam o cantor, apenas a meio soprano Patricia Wulf aceitou divulgar o seu nome, tendo as restantes pedido anonimato por temerem represálias profissionais e pessoais.
Sete das nove mulheres disseram acreditar que as carreiras sofreram por terem rejeitado os avanços sexuais de Plácido Domingo.