"Ninguém pode deter isso (protestos) e não são provocados por nenhum governo, nem por Cuba, nem pela Venezuela", disse o presidente da Assembleia Constituinte (composta unicamente por simpatizantes do regime.
Diosdado Cabello (que é tido como o segundo homem mais forte do chavismo, depois de Nicolás Maduro) falava em Caracas, durante uma conferência de imprensa, na sede do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo).
"O único causador do que acontece nesses países, no Chile, na Colômbia, na Argentina e no Haiti é o FMI e o Governo dos EUA. Não há outros responsáveis", afirmou.
Diosdado Cabello explicou que se alegra porque os povos estão a acordar e que é inevitável que a "brisa bolivariana" chegue a outros países, inclusive aos EUA, referindo que "não pode ser que o berço do capitalismo seja imune à luta dos povos".
"(...) Se quiserem fazer alguma semelhança com o que aconteceu na Venezuela (violentos protestos em 2014 e 2017), não há comparação, porque lá (nesses países) o povo é quem está a protestar. Aqui protestavam a burguesia e mercenários pagos pelos EUA", considerou.
Segundo Diosdado Cabello "é inevitável" que os protestos cheguem à Colômbia.
"(...) Anda uma brisa bolivariana que vai tendo força e quando as brisas têm força passam a ventanias e terminam em furações, porque os povos já sabem protestar contra as medidas neoliberais", disse.
O presidente da Assembleia Constituinte da Venezuela desvalorizou, também, as acusações de que os protestos fazem parte da agenda do no Fórum de São Paulo, um fórum de partidos e grupos de esquerda latino-americanos, que reuniu em Caracas em julho.
"O Fórum de São Paulo está indo muito bem. Tudo o planeado está a ser cumprido à risca e melhor do que pensávamos", disse.
Entretanto, a Organização de Venezuelanos Perseguidos Políticos no Exílio (Veppex) acusou hoje o Governo venezuelano de promover ações para criar instabilidade na América Latina e advertiu que as democracias da região estão em risco.
"É necessário que os países da região avaliem na sua justa dimensão a ameaça que representa o regime de Nicolás Maduro para a América Latina e entendam que a única solução é impulsionar uma saída pela força, segundo acordos internacionais", explica um comunicado divulgado através do Twitter.
Com sede em Miami, nos Estados Unidos, a Veppex adianta que "os países da América Latina devem entender que se não travarem o Estado falido que a Venezuela representa, as democracias da região estão em perigo e, com isso, a paz do continente".
Trata-se, para esta organização, de "um território atormentado por traficantes de droga, terroristas e criminosos" que "só pode ser erradicado com uma ação militar desde fora das fronteiras da Venezuela".