Yvette Lundy, uma heroína da resistência francesa que passou documentos falsos a quem fugia dos nazis e que sobreviveu à detenção em campos de concentração, morreu aos 103 anos, adianta o The Guardian.
Lundy vivia numa aldeia perto de Épernay e fazia parte da rede local da resistência francesa, que tinha o nome de código Possum. Lundy trabalhava como professora e também como secretária do presidente da Câmara de Épernay, no período em que a França esteve sob domínio nazi.
A professora passou documentos falsos a judeus, a prisioneiros de guerra em fuga, a combatentes da França Livre que foram enviados para a região e a pessoas que eram enviadas para os campos de trabalhos forçados dos nazis. Muitos esconderam-se na quinta do irmão de Yvette Lundy, Georges.
No entanto, em junho de 1944, Yvette Lundy, então com 28 anos, foi detida pela Gestapo durante uma aula. Foi interrogada e deportada no mês seguinte para um campo de concentração no sudoeste da Aleamanha. Posteriormente, Yvette Lundy foi transferida para o campo de concentração de Ravensbrück. Meses depois foi transferida para o campo de Buchenwald.
“É outro mundo: seres esfomeados com corpos a definhar, olhares vazios, cabeças rapadas, a arrastarem-se em trapos. Em pouco dias, ficamos a parecer-nos com eles”, recordou Yvette sobre a sua passagem pelos campos de concentração nazis.
Três dos seus seis irmãos também foram enviados para campos de concentração. Dois deles, Berthe e Lucien, sobreviveram, mas Georges morreu em Auschwitz-Birkenau em 1945.
Terminada a Segunda Guerra Mundial, Yvette regressou a frança e a partir de 1959 começou a visitar escolas e a partilhar o seu testemunho dos horrores dos campos de concentração nazis.
Em 2017, Lundy foi condecorada com o título de Grande Oficial da Legião de Honra.