Moçambique reforça de segurança para conter ataques armados no país

O ministro do Interior de Moçambique, Basílio Monteiro, anunciou hoje o reforço das medidas de segurança em Manica e Sofala, centro do país, onde grupos armados têm protagonizado ataques desde agosto deste ano.

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Lusa
25/12/2019 18:57 ‧ 25/12/2019 por Lusa

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Moçambique

 

"Nós decidimos incrementar as patrulhas em todas faixas [nas províncias de Manica e Sofala] e serão patrulhas mistas, além de outras medidas que preferimos não avançar", disse Basílio Monteiro, em declarações à imprensa durante uma visita que efetuou a Chibabava, província de Sofala, onde na terça-feira grupos armados protagonizaram um novo ataque.

Em causa está a situação de insegurança que afeta dois dos principais corredores rodoviários do país, a Estrada Nacional 1 (EN1), que liga o Norte ao Sul do país, e a Estrada Nacional 6 (EN6), que liga o porto da cidade da Beira e o Zimbabué e restantes países do interior da África austral.

As autoridades vão proceder ao reforço do policiamento e a escoltas nalguns troços.

De acordo com o governante, os ataques são protagonizados pelos guerrilheiros da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição, que estão agora a ser procurados pelas autoridades.

"São reconhecidamente os homens da Renamo e nós estamos a perseguir a eles em toda profundidade e em todas direções possíveis de fuga", frisou Basílio Monteiro.

Em declarações à Lusa, Luís Nhazonzo, administrador de Chibabava, na província de Sofala, disse que o ataque de terça-feira contra um autocarro naquela região provocou pelo menos dez mortos e nove feridos.

O ministro do Interior de Moçambique não confirmou os dados.

"Temos informação que, neste cenário, não houve vítimas mortais a lamentar. Os dados que nos chegaram indicam que as pessoas estavam a ser transportadas e foram obrigadas a abandonar o meio de transporte. Eles [os guerrilheiros da Renamo] esbulharam os bens de que eles eram proprietários e incendiaram as viaturas", declarou o governante.

Além do administrador local, a versão do ministro do Interior moçambicano contradiz o testemunho do motorista da viatura atacada, que, em declarações ao canal televisivo STV, descreveu o episódio, destacando que o grupo estava a "atirar mesmo para matar".

"Bateram os pneus de frente e eu não consegui mais andar com o autocarro e entrei no mato", descreveu o motorista, acrescentando que, depois de ter parado, fugiu e o grupo incendiou o autocarro, que seguia com pelo menos 23 pessoas, das quais pelo menos dez morreram.

"É possível que alguns passageiros tenham sido carbonizados ali dentro", acrescentou o motorista.

Desde agosto, com o último ataque na terça-feira, um total de 21 pessoas morreram em ataques armados de grupos que deambulam pelas matas nas províncias de Manica e Sofala, incursões que têm afetado alvos civis, policiais e viaturas.

As incursões acontecem num reduto da Renamo e onde os guerrilheiros daquele partido se confrontaram com as forças de defesa e segurança moçambicanas e atingiram alvos civis até ao cessar-fogo de dezembro de 2016.

Oficialmente, o partido afasta-se dos atuais incidentes e diz estar a cumprir as ações de desarmamento que constam do acordo de paz de 06 de agosto deste ano, mas um grupo dissidente (considerado "desertor" pela Renamo) liderado por Mariano Nhongo permanece entrincheirado na região, reivindicando melhores condições de desmobilização e ameaçando recorrer as armas caso não seja ouvido.

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