Estes são os números mais recentes fornecidos à agência Efe pelo médico Nasra Ali, do Hospital Medina, que advertiu para o facto de muitos dos feridos estarem a morrer por falta de sangue.
Entre os mortos há dois engenheiros de nacionalidade turca, que no momento da explosão realizavam obras na estrada que une Mogadíscio a Afgoye, e pelo menos 17 estudantes da Universidade de Benadir, um estabelecimento de ensino superior privado, que se encontravam dentro de um miniautocarro a atravessar o cruzamento.
"A nossa ambulância foi a primeira a chegar. Encontrámos corpos espalhados e pessoas feridas. Alguns dos corpos ficaram queimados ainda vivos", disse à Efe Abshir Mohamed Amina, um dos elementos das equipas de socorro que estão no terreno.
O atentado ocorreu às 08:00 locais (05:00 em Lisboa), quando um presumível suicida fez rebentar o veículo perto de uma repartição de impostos, num posto de controlo utilizado por veículos que saem e entram em Mogadíscio a partir da cidade de Afgoye.
Era hora de ponta de um dia de trabalho. Portanto, à volta da área em que ocorreu a explosão, havia numerosos carros-patrulha, estudantes e vendedores ambulantes de um estimulante vegetal muito consumido na Somália, disseram diversas testemunhas.
Dezenas de famílias aguardam no exterior dos hospitais Erdogan, Medina e da clínica especializada Kalkaal para saberem do estados dos seus familiares, enquanto o pessoal de saúde pediu à população que doasse sangue.
"A outros pacientes, familiares e até a médicos, enfermeiros e a funcionários do hospital Hospital Erdogan foi pedido que doassem sangue com urgência para ajudar as vítimas. A situação é má", disse o médico Yahye Ismail logo após ter ocorrido o ataque.
"Não me lembro de uma tragédia semelhante desde o ataque ao cruzamento de Zoobe", disse Amina, referindo-se ao duplo atentado com um camião bomba num mercado da capital que causou 587 mortos a 14 de outubro de 2017.
O ataque de hoje é o terceiro mais mortífero da história recente de Mogadíscio, apenas superado pelo de Zoobe e, em outubro de 2011, pela explosão de um suicida, que pertencia ao grupo 'jihadista' Al Shabab, e que matou mais de uma centena de pessoas.
"Envio as minhas mais profundas condolências às famílias e amigos que perderam entes queridos", disse o Presidente da Somália, Mohamed Abdulahi Farmajo, numa conferência de imprensa na capital do país.
"É claro que os terroristas não deixarão tranquila uma única pessoa neste país. Eles são nossos inimigos e temos que centrar-nos em eliminá-los", frisou o responsável político.
Até ao momento, nenhum grupo terrorista reivindicou a autoria do sucedido, apesar de o grupo 'jihadista' Al Shabad se ter manifestado contra a construção desta estrada.
Mogadíscio sofre frequentemente atentados do Al Shabad, organização terrorista que se filiou em 2012 na rede internacional Al Qaeda e que controla parte do centro e sul da Somália, onde aspira a instaurar um Estado islâmico de cariz 'wahabi' (ultraconservador).
A Somália vive em estado de conflito e caos desde 1991, quando foi derrubado o ditador Mohamed Siad Barré, o que deixou o país sem governo efetivo e nas mãos de milícias islamitas e senhores da guerra.