Svante Thunberg, pai da jovem Greta Thunberg, disse numa entrevista à BBC que a sua filha combateu uma depressão "durante três ou quatro anos" antes de ter começado o ativismo pelo clima, um objetivo e um propósito que acabou por mudar a adolescente.
"Ela parou de falar... parou de ir à escola", relembrou Svante, sublinhando que "o pesadelo derradeiro de um pai" chegou quando ela começou a parar de comer.
Svante explicou que tentou passar mais tempo em casa com Greta e com a irmã mais nova, Beata, para tentar melhorar o seu estado de espírito. A mãe, a cantora de ópera Malena Ernman, cancelou contratos para fazer o mesmo. Também procuraram ajuda profissional, altura em que a jovem foi diagnosticada com síndrome de Asperger, uma forma de autismo.
Foi por volta desta altura, aos 12 anos, que a jovem começou a interessar-se pelo clima e a fazer pesquisas sobre o tema, questionando os pais sobre como ajudar e impelindo-os a tomar uma ação. "A Greta dizia 'mas que direitos humanos defendem vocês?', porque nós não levávamos as mudanças climáticas a sério".
Foi a "energia" de Greta que fez com que o pai se tornasse vegan e com que a mãe deixasse de viajar de avião. Svante não concordava que a filha não fosse às aulas, mas cedeu e tem acompanhado todos os passos da filha desde então. "Eu fiz isto tudo porque sabia que era o mais correto... mas não o fiz para salvar o clima, fi-lo para salvar a minha filha", admitiu.
"Eu tenho duas filhas e, para ser franco, são tudo o que importa para mim. Eu só quero que sejam felizes", acrescentou, dizendo que Greta está "mudada" e ficou "muito feliz" em resultado do ativismo. "Ela dança, ri-se muito, divertimo-nos muito - ela está numa fase muito boa", explicou.
A única coisa que preocupa o sueco, depois da filha ter alcançado fama mundial, é o abuso e o "ódio" que ela enfrenta na internet por parte de pessoas "que não querem mudar" para salvar o ambiente.
Recorde-se que, com apenas 16 anos, Greta Thunberg tornou-se numa voz de muito relevo na luta contra as alterações climáticas e conseguiu não só captar a atenção dos líderes mundiais, como mobilizou consciências entre a sociedade civil. Foi tanto alvo de críticas - de Jair Bolsonaro ou Donald Trump - como de elogios e motivação - venceu título de 'Personalidade do Ano' da revista Time e mensagens de incentivo de líderes como o Papa Francisco ou o filósofo e ecologista Viriato Soromenho-Marques, que afirmou que foi preciso aparecer uma criança para dizer que "o rei vai nu".