O antigo braço político do grupo paramilitar Exército Republicano Irlandês (IRA) chegou aos 25% de intenções de voto na sondagem mais recente, publicada pelo jornal Irish Times na terça-feira, ultrapassando os dois rivais, que têm alternado no governo desde a fundação do país.
A mesma sondagem confirma a insatisfação dos eleitores com o atual governo do Fine Gael, que nas últimas sondagens tem surgido em terceiro lugar.
Ainda assim, o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, está confiante de que o seu partido vai ser o mais votado e promete negociar uma coligação com partidos mais pequenos, como o Trabalhista ou Verdes, ou, "como último recurso" e no interesse nacional, chegar de novo a um entendimento com o Fianna Fáil.
"O que não vou fazer é negociar uma coligação com o Sinn Féin. Estou preocupado com o passado deles, mas estou muito mais preocupado com o presente e o futuro", afirmou durante o debate de terça-feira à noite na estação pública RTÉ, apontando para a falta de compromissos no combate à criminalidade.
Convidada para à última hora para o debate devido ao crescendo em popularidade, a líder do Sinn Féin, Mary Lou McDonald, teve dificuldades em explicar a sua posição, apesar de garantir que apoia o sistema judicial e a polícia e as instituições.
Porém, evitou endossar o Tribunal Penal Especial, criado para lidar com casos de terrorismo e crime organizado e que também julgou antigos membros do IRA, e mostrou a vulnerabilidade ao passado violento do país, ao contradizer-se em declarações sobre um homem morto em 2007 pelo IRA.
Apesar de liderar as sondagens, o Sinn Féin, que continua a militar pela reunificação da Irlanda com a Irlanda do Norte e tem um programa político de esquerda, não pode tecnicamente formar um governo porque só tem 42 candidatos.
A Assembleia irlandesa [Dáil] tem 160 assentos, pelo que um partido precisa de uma maioria de 80 deputados para alcançar uma maioria absoluta que lhe permita formar governo.
Nas eleições em 2016, sem assentos suficientes para formar um governo sozinho, o Fine Gael formou um governo minoritário, com o apoio do Fianna Fáil, mas sem formar coligação.
Micheál Martin, líder da Fianna Fáil, disse na terça-feira querer formar "um verdadeiro governo alternativo a um governo liderado por Fine Gael", com o qual rejeitou formar coligação, bem como com o Sinn Féin, com o qual discorda em termos de políticas fiscais e ambientais.
Questões como a habitação, impostos e serviços de saúde têm dominado a campanha, mas o 'Brexit' continua a ser um tema importante devido ao impacto económico da saída do Reino Unido da União Europeia.
Referindo o sucesso nas negociações do Acordo de Saída, Leo Varadkar afirmou que tem a melhor equipa para negociar um futuro acordo de comércio e que é má ideia mudar de governo "ao intervalo".