"Muitos de nós disseram claramente que ninguém fala com Putin. Depois, quando o chanceler alemão [Olaf] Scholz o fez, foi muito criticado. Mas, e agora?", questionou hoje o antigo governante finlandês, durante um evento intitulado "Como é que a Europa pode ser mais segura em conjunto?", organizado em Londres pelo centro de estudos britânico Chatham House.
Segundo Niinistö, tal situação deve ser uma lição para a União Europeia (UE).
"Sim, eles falam, e nós devemos participar", vincou o antigo chefe de Estado, autor do relatório "Unidos estamos mais seguros - fortalecer a preparação e a prontidão civis e de defesa da Europa", desenvolvido a pedido da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Na opinião do político finlandês, "qualquer tentativa de paz é válida", mas avisou que, mesmo se for alcançado um acordo, as tensões na Europa vão manter-se "durante anos, talvez décadas".
"Não nos podemos dar ao luxo de pensar que depois de a Ucrânia estar resolvida, está tudo bem, que não temos de fazer nada. Não, temos de compreender que as tensões vão manter-se", salientou Niinistö.
Neste sentido, argumentou o político, a China pode ter um papel, tal como a UE e os países aliados, para tornar o plano de paz mais sustentável.
"A Ucrânia precisa de garantias de segurança, e o Ocidente pode manter, pelo menos até certo ponto, essas garantias. Garantir significa controlar os russos para que não venham, mas também, de certa forma, acalmar o seu próprio povo", explicou.
Em paralelo, o antigo presidente finlandês entende que "a China também deveria garantir a paz, controlando de certa forma os seus amigos, que são a Rússia".
O recém-empossado Donald Trump, que prometeu acabar com a guerra em 24 horas, mas agora admite que poderá levar 100 dias a seis meses, ameaçou na terça-feira impor mais sanções à Rússia se o Presidente Vladimir Putin se recusar a negociar um cessar-fogo com a Ucrânia.
Trump disse ainda que estava a reconsiderar o envio de armas para a Ucrânia e que tencionava falar "muito em breve" com o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, e com Putin.
O porta-voz do Kremlin (presidência russa), Dmitri Peskov, adiantou entretanto que a Rússia continua pronta para o diálogo com Trump "em pé de igualdade e num espírito de cooperação".
"Estamos a observar muito atentamente toda a retórica, todas as declarações, estamos a registar cuidadosamente todas as 'nuances'", referiu Peskov, citado pela agência russa Interfax.
A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022 para "desmilitarizar e desnazificar" o país vizinho.
A Ucrânia tem contado com o apoio de países aliados para fazer frente às tropas russas, sendo os Estados Unidos o maior fornecedor de armamento e de ajuda financeira de Kyiv.
Trump tomou posse na segunda-feira e o seu regresso à presidência dos Estados Unidos fez criar o receio de que o apoio norte-americano à Ucrânia possa diminuir.
Além da ajuda financeira e em armamento, os aliados de Kyiv têm imposto sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o custo da guerra contra a Ucrânia.
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