"É preciso dizer que este é um ato imperdoável e, portanto, o resultado (desta eleição) deve ser cancelado", disse Angela Merkel, com grande firmeza, durante uma deslocação a Pretória, na África do Sul.
"Estamos a falar de novas eleições, é uma opção", disse a chanceler.
Os representantes regionais eleitos do partido de Angela Merkel (CDU) "violaram as convicções fundamentais" do partido democrata-cristão fundado após o período nazi.
Trata-se de "mau dia para a democracia", acrescentou Merkel.
"Tudo deve ser feito agora para deixar claro que aquilo que CDU acredita não pode ser associado à extrema-direita", referiu.
Na quarta-feira, o partido da chanceler alemã pediu a realização de novas eleições no estado de Turíngia (leste da Alemanha), após os seus representantes locais terem concertado a eleição de um novo líder regional com o apoio da extrema-direita.
Pela primeira vez na história da Alemanha pós II Guerra Mundial, o líder de um estado regional foi eleito na quarta-feira com o apoio de um partido de extrema-direita, contados os votos da terceira volta eleitoral.
O candidato do FDP, um pequeno partido liberal, Thomas Kemmerich, foi hoje eleito presidente do governo regional da Turíngia, no leste da Alemanha, graças aos votos do partido extremista de direita Alternativa pela Alemanha (AfD).
Após uma eleição muito disputada e vários meses de negociações, o líder cessante, Bodo Ramelow, do partido de esquerda radical Die Linke, tentou ser reconduzido no cargo com o apoio de uma coligação minoritária de esquerda.
Não tendo tido sucesso na primeira tentativa, numa segunda volta, Ramelow viu-se derrotado por um voto por Kemmerich, que, numa terceira volta, acabou escolhido para líder do governo regional com o apoio da AfD.
Kemmerich, de 54 anos, recebeu o apoio surpresa de todos os membros eleitos do partido Alternativa pela Alemanha, anti-imigração e antissistema, bem como da maioria dos membros do partido conservador CDU.
A Turíngia é a zona onde o AfD é dirigido por uma ala mais radical do partido, com protagonismo de Bjorn Hocke, que se destacou por, no passado, ter defendido o fim da cultura alemã, no momento em que esta assumiu arrependimento pelos crimes do regime nazi de Adolf Hitler.