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Sturgeon admite referendo sobre independência sem autorização de Londres

A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, admite realizar um referendo sobre a independência sem o consentimento do governo de Boris Johnson, mas apenas se for considerado juridicamente legítimo por tribunais, disse hoje em Londres.

Sturgeon admite referendo sobre independência sem autorização de Londres
Notícias ao Minuto

15:38 - 11/02/20 por Lusa

Mundo Escócia

"Sempre disse que o processo deve ser legítimo e legal. É importante para assegurar que o resultado a favor da independência possa ser reconhecido internacionalmente e pela União Europeia (EU)", afirmou, num encontro com membros da Associação de Imprensa Estrangeira.

Porém, não rejeita que a certa altura a Escócia possa "tentar ultrapassar esse impasse", testando junto dos tribunais escoceses a questão se o parlamento escocês tem a capacidade de organizar um referendo legal sobre a independência sem a autorização do governo britânico.

"Não é a minha primeira opção. Mas se fosse decidido por um tribunal que o parlamento escocês poderia organizar um referendo sobre a independência sem o consentimento de Westminster, então já não seria um referendo ilegal", vincou a líder do Partido Nacional Escocês (SNP).

Em 2014, 55% dos eleitores na Escócia votaram contra a independência num referendo e apenas 45% a favor.

O SNP argumenta que a situação mudou devido ao 'Brexit', rejeitado por 62% dos escoceses no referendo de 2016, contrariando a tendência nacional de 52% a favor da saída do Reino Unido da UE.

Agora que o Reino Unido saiu formalmente da UE, a 31 de janeiro, o SNP defende a realização de um segundo referendo, batizado por 'Indyref2', que daria aos escoceses a oportunidade de aderir à UE enquanto Estado independente.

Sturgeon invoca o apoio da opinião pública, refletido no resultado das eleições legislativas de dezembro na Escócia, quando o SNP elegeu 48 dos 59 deputados representantes da região, e de várias sondagens recentes favoráveis à independência e à realização de um referendo.

Em janeiro, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, rejeitou o pedido de transferência de poderes para a realização da consulta pública, alegando que o resultado do referendo de 2014 deve ser respeitado.

Nicola Sturgeon fez campanha com a promessa de realizar um referendo ainda em 2020, e está a ser pressionada internamente no partido para propor um referendo consultivo unilateral, à semelhança do que foi feito na Catalunha em 2019.

Porém, hoje salientou que "as posições constitucionais em Espanha e Reino Unido são diferentes" e que existe o precedente do referendo em 2014 que determina a necessidade de respeitar o mesmo procedimento.

"Na Catalunha [o referendo] não resultou na independência, e isso reforça a minha convicção de que o processo tem de ser legitimo em termos jurídicos e constitucionais", acrescentou.

Analistas políticos consideram que o governo britânico poderá ter dificuldade em resistir a um 'Indyref2' se o SNP voltar a ganhar as eleições regionais, em 2021.

O SNP e os Verdes são os únicos partidos políticos escoceses a favor da independência, à qual se opõem os partidos Conservador, Trabalhista e Liberais Democratas.

Nicola Sturgeon visitou Bruxelas na segunda-feira, onde discursou no instituto European Policy Centre, onde disse aguardar "com expectativa o dia em que a Escócia regresse" à UE enquanto Estado independente, com um lugar próprio no Conselho e no Parlamento Europeu.

Recentemente, o ex-presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse à BBC que os 27 ficariam "entusiasmados" com a adesão independente da Escócia à UE.

Na capital belga, a chefe de governo escocesa também se encontrou com Margrethe Vestager, a vice-presidente da Comissão Europeia com a pasta da Era Digital, e com Michel Barnier, negociador chefe da UE para o 'Brexit'.

Nicola Sturgeon não está à espera que os países da UE manifestem abertamente apoio à independência, e espera que mantenham a neutralidade.

Todavia, mostrou-se "confiante de que, se a Escócia decidir tornar-se independente, será muito bem recebida" pelos 27.

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